O animal morto
velado sobre a mesa
feito ao ritual do fogo
fatiado ao molho sangue
é servido à minha boca
Vegetais sem raízes
guisados na gordura
harmonizados ao vinho
ao som do violino
são servidos à minha boca
Enlatados e embutidos
sobras e restos que servem
à pressa do dia a dia
ao ritmo dos insossos
são servidos à minha boca
Flora, fauna, fábrica
e tudo que pode ser vida
ou servir à minha carne faminta
ainda que seja um desejo falso
podem ser triturados pela minha boca
A fome e a sede humana
já transcenderam o estado animal
e toda essa ânsia que não alimenta
nem corpo nem alma, caminha para o dia
em que seremos o prato principal