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Tribos indígenas já foram “povos” e, assim como favelados, viraram “comunidades”;
O negro é “afrodescendente” (o mestiço nem existe mais);
O trabalhador virou “colaborador”, e o biscateiro, que já foi “profissional liberal”, agora é o “empreendedor”;
O idoso vive a “melhor idade”;
O mendigo agora é uma “pessoa em situação de rua”;
Transformaram o pobre na “nova classe c”;
Gays e lésbicas eram “GLS”, agora diluíram na sigla “LGBTQIA+”;
O miserável, que vive “abaixo da linha da pobreza”, passou a ter “insegurança alimentar”;
Até o cão, o cachorro, passando por “doguinho”, virou “pet”;
Tudo muda…
Mas o que nunca muda é a realidade, que continua sendo uma grande e imensa “matéria fecal”.
Uma mero ânus tatuado
para descer até o chão
Uma lei que ninguém conhece a fundo
para incendiar a discussão
Um cowboy alienado que caiu do cavalo
e melou o “esquemão”
Agora todos sabem que o caipira
mama nas tetas do erário
na verba de saúde e educação
Falta agora a Justiça fazer força
mandar esfíncter a fora essa sujeira
laçar a quadrilha, botar na fogueira
antes da próxima farra de São João
Só mais uma piada sem graça
sobre aparências
A mulher como pivô da chacota
mais uma anedota
que reforça a diferença
Um tapa na cara foi pouco
pois há quem nem assim aprenda
e precisamos de homens
que não use a mulher
mas sim a defenda
Será que foi encenação?
Mesmo assim, foi merecido:
o tabefe na cara do bufão
o Oscar ao herói marido
O gosto da sopa de osso
na escuridão do fundo do poço
amarga a garganta do moço
sem futuro...
A quem ainda dá o endosso
ao boçal que está no congresso
quer ver o país em destroços
sem futuro...
“ele não” é nenhum colosso
nosso próximo passo
é derrubá-lo, mandá-lo ao fosso
e pensar no futuro...
Sexta-feira é dia de beber
algo que deixou de ser pecado
O consumo já não o faz desmerecer
temos até monja ao nosso lado
Dizem que devo ser moderado
o que soa diferente da propaganda
mas a embaixadora nos faz criança
deixe-me beber e não encha o sacro
Age como bicho de esgoto
o escroto bolsorato
A milícia e sua família
formam a bolsoquadrilha
Asseclas tem de montão
a matilha de bolsocão
Pela boiada é amado
rebanho de bolsogado
Para completar o cenário
um monte de bolsotário
que o vê como messias
a pior das fantasias
Pelos idiotas idolatrado
só nos sobra o brado:
FORA BOLSONARO!
A fome era zero
agora elevou a numeração
O agro ficou pop
ganha mais com a produção
Dólar em alta
garante melhor arrecadação
O mercado interno
que pague mais pela mesma porção
Mas não se preocupe
sobrará ao menos os ossos
para a sopa, ou roer feito um cão
Desfilam os tanques de guerra
no país do carnaval
São somente carros alegóricos
não fazem bem, talvez o mal
Na avenida colorida
muitas fardas e medalhas
de heróis sem batalhas
e glórias inventadas
Uma selva de espoletas
dessa tropa em desuso
ao capitão que foi expulso
e a outros tantos picaretas
Classificaram tudo:
Gente, animal
Flor, vegetal
Sonho, Produto
Tudo foi reificado
Rotulado
Pela nova ordem
Desordem dos embalados
Todos foram apurados
Segmentados, codificados
E viraram classificados
Onde se vende de tudo:
A alma, o tempo, o chão
O céu, o Eu, o pão
O amor, o sexo, a solidão
O amanhã...
Na contra mão dessa cultura
Linha dura e formal
Vem o Poeta que, informal
Com jogo de cintura
Propõe a ruptura
E faz da coisa o verso
Desmistifica a imposição
Com a sua composição
Torna o banal reverso
Desclassifica o Classificado
Com rimas, imagens e ardor
E nas palavras empregadas de labor
Anuncia os Versificados
Ler jornal
Nunca mais será igual
Versificados, poesia em forma de anúncios classificados - http://versificados.blogspot.com/
Estes são os meus:
"Homem sarado procura mulher doente, de paixão, pois está cansado da vida sadia..."
"Homem cachorro procura dona, que de carinho e agüente os latidos. Negocia o uso de coleira"
"Homem carente procura mulher que procura homem carente. No meio dessa gente, se tiver uma, que se apresente"
“Procura-se: paixão cega, se perdeu no carnaval. Boa recompensa para quem achá-la”
“Vendo: coração pulsando firme, com sonhos semi-novos e esperança retificada; ou troco por outro de valor semelhante”
“Ver de amar (elo) a zul, toda de branco no altar”
"Alugo-me para temporada. Não lavo, não passo, não canso, só faço!"
@mundoid