Nessa data tão festiva
dos desfiles de sucatas
será o dia da coroação
O início de uma dinastia
que já está em negociata
entre os piores da nação
Numa ação defectiva
encerrarão a democracia
e irão coroar o bufão
A nova pátria primitiva
“burrocrata” e caricata
se chamará Cudomundistão
Age como bicho de esgoto
o escroto bolsorato
A milícia e sua família
formam a bolsoquadrilha
Asseclas tem de montão
a matilha de bolsocão
Pela boiada é amado
rebanho de bolsogado
Para completar o cenário
um monte de bolsotário
que o vê como messias
a pior das fantasias
Pelos idiotas idolatrado
só nos sobra o brado:
FORA BOLSONARO!
Minha burrice vai além
a inteligência é limitada
para o mito eu grito amém
caminho junto com a boiada
Na motociata eu buzinei
na carreata uma parada
a máscara eu abandonei
bagunçar é a jogada
Quem morreu era pra morrer
não poderiam fazer nada
estupidez é o que tenho a oferecer
espero pela próxima zoada
Dizem que mentira tem perna curta
mas muitas têm a vida longa
Algumas vivem no tempo, em conflito
até serem chamadas de mito
Outras vão além, por vaidade
e acabam virando verdade
Cada lado iludido com seu mito
arma no coldre, estrela no peito
bandido que se diz mocinho
Iconoclasta, rejeito do meu jeito:
num gesto direto, veto e vomito
de manhã, um café a dois
quente como a cama
preparado por quem ama
o resto é para depois
xícaras suadas
batem suas asas
ménage à trois
“A Tubaína é doce, a cloroquina, não”
ri o presidente, seu sorriso obscuro
ao vivo na live, para toda a nação
Com esse governo estaremos seguros
bem guardados, a sete palmos do chão
“Mas e o lula?”
virou a frase chavão
do gado “mungido” do mito
que também é ladrão
Uma tropa de papagaios
cingelada, bolsocão
Apedeuta fauna, sufrágios
da mais pura inaptidão
Tece a dedicada costureira
fino bordado em pano nobre
para o pequeno rei déspota
dar luxo à sua vida esnobe
Permeia a pontiaguda agulha
vara o linho, passa a linha
perfura a pele e alinha
sutura as mãos à máquina
Terminada a trama da lida
em casa, já na cama, pensativa
ela cose uma outra fantasia:
retalhos de sonhos e alegrias
Imagina que ela liga, cada luz
cada estrela, cada ponto que brilha
no infinito tecido do céu noturno
e faz surgir a noite e seus astros
E nesse delírio soturno traça
uma fina linha no tempo
juntando o que lhe agrada
No fim arremata o contratempo
Já é dia e ela acorda
e mais um sonho se desfaz
Preparada para a jornada
a rendeira rende-se ao capataz
Futebol e seus fanáticos
sofrimento e glória
O amor começa com um gol
e consolida com a vitória
A derrota traz o dissabor
à boca dos alucinados
“Competir é onde está o valor”
isso é o hino dos derrotados
Ninguém torce por esporte
seja qual for a situação
Mesmo sobre política ou religião
com paixão defende sua equipe
Trocar de camisa, jamais!
Essa seria a maior traição
Ganhando ou perdendo
vivemos mesmo e da ilusão
Na loja
Decoração
não há nada
promoção
Saldão
Solidão
Liquidação
Ser: verbo conjugado
O que pesa ao ser
É o “ter que ser”
E quando se está sendo
Não se sabe mesmo se é
Ou quem é
Ou o que é
Ou qual é
Muitas vezes o ser
Só parece ser
Mas não é
Nem aquele
Nem aquilo
Nem um kilo
Nem umbigo
O que será que será de nós...
Sou-me
E isso em basta.