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os grãos de areia
se movem ao vento
e formam as dunas do tempo
a ampulheta
e seu movimento
brinca com as dunas
giro lento
de âmbula a âmbula pelo fino
vértice
com coragem ou medo
passa cada partícula
de vida
não a deixa escorrer
pelos dedos
Claro que tive medo
de ir por onde não sabia
mas a coragem que sua mão guia
me dava, me enchia de ousadia
Não, não era o santo, nem deus
ou qualquer outra mitologia
era a juventude que eu tinha
ao meu lado, me dava vontade
coragem, inconsequência, alegria
de correr sem saber aonde iria
e se em algum lugar chegaria
Até que um dia ela soltou da minha
mão, e os pés no chão passaram
a ser a principal companhia
A inteligência é artificial
assim como muitos sorrisos
Não se ensina “humanidade”
a um androide
mas há humanos que também
não aprendem isso
Ninguém nasce sabendo
e apesar de saber disso
de aprender se perdeu o costume
só nos sobra mesmo é o “instinto”
Quem sabe um dia
a máquina acerte
e tudo isso mude
a fome de justiça
aguça a sede de vingança
como nenhuma
se alcança
quem agoniza é a esperança
de barriga vazia
O agro é vida
é pop, é arma
é armação
O agro é grilagem
é desterro, é poder
é inflação
O agro é dólar
é miséria, é lobby
é extorsão
O agro é fome
é tóxico, é golpe
é escravidão
O agro é morte
Quem construiu o mundo?
A minha imaginação
Quando eu deixar de existir
muitas coisas também deixarão
As mudanças que ocorreram
foram frutos da minha criação
e continuarão mudando
a cada nova geração
Entre o sol e a lua
a tudo dou uma razão
Quando isso vai acabar?
Quando o último ser parar
de respirar e deixar de viver
Ao lado do camping de mendigos
inaugurou um fast food novo
Comemoram os famintos maltrapilhos
“o lixo dessa rede é mais gostoso”
Sob os seus arcos dourados
quem sabe consigam uma esmola
porque o lanche que é jogado fora
dividem com cães, gatos e ratos
O palhaço que sorri na entrada
tem a alegria como suprassumo
provoca engasgos e gargalhadas
e mata muitas sedes de consumo
Da certeza à incerteza
um mero instante
De repente, tudo errado
péssima surpresa
O peito cheio de vida
fica por um fio de ar
Num breve piscar
de olhos, esvazia
Carpo e mente, sinergia
lutam em defesa
fé, força, energia
e a incerteza volta à certeza
Entre conhas e coxas
produtos industriais
Produtos do meio
meio aos poucos animais
A natureza que resta
é oferecida em pacotes
doses caras, homeopáticas
viram selfies e nada mais
Um sistema a menos
uma foto a mais, tanto faz
um dia, as belezas naturais
só existirão em redes sociais
O cenário é pantanoso
para a alegria do curral
Mais um ato criminoso
atearam fogo no pantanal
Que presidente mentiroso
intencionalmente mau
Fez um discurso vergonhoso
em escala mundial
Chega a ser espantoso
tamanha cara de pau
Mas o que é mais curioso
é que ainda apóiam esse boçal
Fogo, fatos e fotos
mas há quem negue a incineração
Diversos animais mortos
fauna e flora cheirando a carvão
Aquele que nega o horror
ao horror lhe dá a mão
Mito, mentira, maquiagem
um povo que falha como nação
Alienados pela própria camuflagem:
o mito do bom selvagem
o mito do bom cidadão
entre luz e sombra
belos contrastes
entre verso e prosa
a palavra que fale
entre asfalto e terra
um quê de saudade
Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
são os mais podres carcarás
Nossas ruas, mais buracos
Nossas várzeas, mais horrores
Nas esquinas, mais chacinas
Nossas vidas, mais temores
Nessa terra paulistana
quase nada que se planta dá:
a grama aqui não verdeja
o lixo sempre há de aumentar
os sujos rios não têm correnteza
e o ar cinzento o sufocará
Nossas aves, revoada de rapina
alimentam-se de propina
Nossos trens, mais descarrila
aqui nunca prosperará
Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
Não permita Deus que eu morra
sem que me revolte contra lá:
do Matarazzo ao Bandeirantes
Câmara e Assembleia
parasita classe deletéria
que eu a ponha a debandar
Minha terra tem picaretas
que sabia até o sabiá
Carcará que aqui gorjeia
do povo bovino se alimentará
Em cismar – sozinho - à noite
não dormi... Já é hora de levantar
A riqueza amazônica
é a sua biodiversidade
Sem educação e ciência
não desfrutaremos dessa realidade
Nosso líder passa o dia relinchando
olha à floresta e só enxerga pasto
Por isso sigo falando:
“passarinho que segue asno
amanhece pastando”
E na Amazônia tem bastante espaço