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Das coisas que nos ateiam
fogo:
o som do sexo
os sons do corpo
o som do gozo
Como música ao instinto
difícil ouvir e não
querer entrar
no ritmo
Tão bonita caipirinha
pendura suas calcinhas
no varal, coloridas
rendadas bandeirolas
Parece até festa junina:
olha a cobra, toma o quentão
casa comigo de mentirinha
acende a fogueira do meu coração
Entre o exótico e o erótico
está o xis da questão:
um tipo que diferencia
a extravagância do tesão
tão linda
círculo robusto
que torna a ideia lúdica
e faz a bunda dela
merecer um busto
para ser exibido
em praça pública
tão perfeita
que enfeita
toda rua
fios brancos transados
enroscados em pelos pretos
dueto que se acende
trama que surpreende
e me prende
os olhos
e me ajoelho
me rendendo
a tua renda
e caio em tua rede
a natureza que nos rende
bichos da seda em
bichos de sede
antes que a tarde amanheça
que a noite entre cresça
e o corpo dela aqueça
o meu até que o dia escureça
e o tempo nos esqueça
puta linda
me abriga na esquina
que a lua brinda
traga meu tempo num cigarro
manchado vermelho
encostada num carro
eu e você
puta linda
refletidos no espelho do céu
acima do inferno
queimando nossos corpos
na cama da inquisição
puta linda que me despe
das obrigações diárias
todas fingidas
me mostra o caminho que
todos querem mas ninguém segue
que abandono minha carcaça
no meio da estrada larga pela qual sigo
cego na multidão
puta linda
me leve pela mão
nessa vida nada fácil
que é ser o que realmente nos interessa
liberdade
é ela
de calcinha pela casa
seios livres
leve caminhar sem
destino
liberdade
é nós sem nada
no sofá até
gozarmos entre
as horas
rolando feito cães
no tapete
liberdade
é ter
pra não fazer
é o tempo
que passa sem
se perceber
é um amor
pra se perder
em línguas bendigo
meu prazer é contigo
pro nosso pecado eu digo:
sin, come!
tua carne brilha
meu olhar vidra
a alma vibra
o sangue aquece
é a vida
que acontece
oferece-me a boca como um vinho
tinto e intenso tom
e derrama tudo em meu corpo
tingindo minha pele de batom
vermelho
sangue
que corre nas veias e
traz a tona o desejo
oferece-me a boca
que te dou um beijo
um quarto de dia num quarto
a tarde...
ainda tenho
teu cheiro pelo corpo
na boca o teu gosto
na lembrança teu dorso
na pele a marca que arde
Façamos de novo
mais tarde
pelas tardes
em mais quartos
de dias
por dias
Uma rosa nua no sereno
orvalho doce que escorre
quero provar desse veneno
que mata mas não se morre
um mundo babaca
e o teu mundo erótico
nessa guerra que não acaba
descarto o retórico
e fico com o teu
eu profano ateu
sem mundos nem fundos
Arde
desejo que não acaba
tentação flamejante cante
forja chama que não apaga
invade adiante
chama que me chama pra cama
Ateia fogo em tudo que tenho
deixa nossa guerra acontecer:
não quero paz
quero gozo!
Venha desarmada que será
amada
não trocaremos bandeiras de trégua
o branco que quero é do teu
corpo
alvo
a ser acertado na carne
me toma num gole quente
eu etílico
me doma como fera fálica em fúria
acorrenta meus medos e
liberta
minha vontade animal
A fogueira está acesa
taquemos mais lenha
Voa do seu paraíso profano
e marca minha pele a ferro
quente boca que me engole
em lava ácida
me leva em tuas asas de fogo
para longe desse inferno diário
e me deita em tua cama
de pregos e luzes
meu anjo pornográfico
Me exibe teu sorriso vermelho carne molhada
dentro dos meus olhos cansados e escravos
entra nesse resto humano que sou
e transforma meu fim em destino
rasga minha pele em ritual sacro
e bebe meu sangue impuro
bacante enlouquecida que dança
envolta do meu corpo dilacerado
não quero o céu nem seus ídolos de
mármore frio
meu anjo pornográfico
me coloca em teus seios
me afaga em teu fogo e carrega
minha alma desse vale vazio no qual vago
me protege
em teus quadris incandescentes
me guarda
em tua indecência angelical