Sonhei um dia em ser rei
Por sonhar que ganhava a guerra
acordei, guerreei e venci!
Escrevi meu nome numa era
Não importa quem matei
nem quantas vezes nessa terra
fiz guerras quem nem lutei
pois eu sonho e outro esmera
dá o sangue, luta feito fera
pelo simples sonho que sonhei
Mas um dia não mais acordarei
e esse povo que nunca desperta
dará o sangue, fará a guerra
e morrerá pelo sonho de outro rei
A inteligência é artificial
assim como muitos sorrisos
Não se ensina “humanidade”
a um androide
mas há humanos que também
não aprendem isso
Ninguém nasce sabendo
e apesar de saber disso
de aprender se perdeu o costume
só nos sobra mesmo é o “instinto”
Quem sabe um dia
a máquina acerte
e tudo isso mude
uma passo para um homem
um salto para os evangélicos
um assalto a nação
um atraso da humanidade
Mil dias de (des)governo
mil dias de avacalhação
Enquanto a vaca vai pro brejo
a boiada vai á manifestação
em prol da desobediência
em prol da corrupção
Enquanto a fome só aumenta
a comitiva arrota leite condensado
e o futuro que se apresenta
é a cópia mal feita do passado
Mil dias de regresso
desordem em progresso
Sexta-feira é dia de beber
algo que deixou de ser pecado
O consumo já não o faz desmerecer
temos até monja ao nosso lado
Dizem que devo ser moderado
o que soa diferente da propaganda
mas a embaixadora nos faz criança
deixe-me beber e não encha o sacro
Sérgio Reis tocará o berrante
virá correndo o Batoré
frente à manada ignorante
“heil bozo!”, “glória deus!”, “anauê!”
Invadirão o STF, “viva o golpe!”
que transbordará feito uma fossa
Com força equina, num galope
relincharão “a praça é nossa!”
Age como bicho de esgoto
o escroto bolsorato
A milícia e sua família
formam a bolsoquadrilha
Asseclas tem de montão
a matilha de bolsocão
Pela boiada é amado
rebanho de bolsogado
Para completar o cenário
um monte de bolsotário
que o vê como messias
a pior das fantasias
Pelos idiotas idolatrado
só nos sobra o brado:
FORA BOLSONARO!
Desfilam os tanques de guerra
no país do carnaval
São somente carros alegóricos
não fazem bem, talvez o mal
Na avenida colorida
muitas fardas e medalhas
de heróis sem batalhas
e glórias inventadas
Uma selva de espoletas
dessa tropa em desuso
ao capitão que foi expulso
e a outros tantos picaretas
Ter convicção não é ter razão
pior: convictos dizem não à razão
O mito da caverna, aquele do Platão
nunca fez tanto sentido
tempos cegos, mais bocas que ouvidos
Enquanto o sábio cresce na dúvida
o convicto reduz o mundo na certeza
lhe falta clareza, lhe sobra ilusão
burro que acredita ser cavalo alazão
Isso é um tipo de “arrogância à brasileira”:
aquele que não sabe nada, mas tem opinião
“Saber” é um detalhe irrelevante, bobeira
o que “eu acho” é o que tem exatidão
Nessa realidade que parece ficção
tempos onde a ignorância é qualidade
vivemos essa porcaria de situação
um eterno atraso de sociedade
Sobre as próximas eleições
analisando os candidatos:
o “coroné”, o operário
o militar, aventureiros
o fajuto empresário
dá para prever nosso futuro:
será um enorme passado
A marcha vai pra frente
o Brasil só marca o passo
O que digo sobre o "lugar de fala"
é que pode haver uma falha:
se não há nada para dizer
não há lugar que o valha
Tem um grande rato na tevê
e não é o Mickey Mouse
Esse é daqueles que fala e fede
a merda, não há quem o pause
Comunicador e empresário?
Longe disso, é só um roedor
que rói o quanto pode o erário
do estado é eterno devedor
Só mais um chulo apresentador
regurgitando uma velha estória
e pelos tolos aplausos da plateia
o que se desenha não é animador
na era do
computador
sou uma
máquina de escrever
Cássia é atriz
tem o beijo no nome
o que sempre Kiss