Quando será que a vida acaba?
Com a morte? Não creio
Tanta gente maltrapilha vaga
sem saber para que aqui veio
Carregar a própria existência
nos ombros, há quem não suporte
O peso do “ter que ser”, consorte
transcende qualquer essência
Sobreviver como indigente
na selva de pedra é penoso
A esmola, um prato, entorpecentes
ajudam amenizar o desgosto
Mas uma hora isso cansa
Abreviar o sofrimento é a opção
Quem vai lembrar daquela criança?
Era só mais uma, largada no chão
Seu nome? Rogério, Roberto... Enfim
o viaduto da santa foi o trampolim
Num voo curto e fatal, no paraíso
mais um precipitou o seu fim
Espatifou no asfalto da 23 de maio
Por um instante pararam em atenção...
Olharam e foi como naquela canção:
“morreu na contramão atrapalhando o sábado”