Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
são os mais podres carcarás
Nossas ruas, mais buracos
Nossas várzeas, mais horrores
Nas esquinas, mais chacinas
Nossas vidas, mais temores
Nessa terra paulistana
quase nada que se planta dá:
a grama aqui não verdeja
o lixo sempre há de aumentar
os sujos rios não têm correnteza
e o ar cinzento o sufocará
Nossas aves, revoada de rapina
alimentam-se de propina
Nossos trens, mais descarrila
aqui nunca prosperará
Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
Não permita Deus que eu morra
sem que me revolte contra lá:
do Matarazzo ao Bandeirantes
Câmara e Assembleia
parasita classe deletéria
que eu a ponha a debandar
Minha terra tem picaretas
que sabia até o sabiá
Carcará que aqui gorjeia
do povo bovino se alimentará
Em cismar – sozinho - à noite
não dormi... Já é hora de levantar