André Braga

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Quinta-feira, 28 de Maio de 2009

O teatro e a vida

"nós somos muito mais o que os outros acham que somos, do que aquilo que pensamos ser" 

Bruna Nehring

 

Dizem que a vida imita a arte... ou é a arte que imita a vida? Dizem... Ou será que vida e arte são coisas que se completam, contemplam-se e fundem-se, paralelas que passam a infinidade se cruzando, imitando-se? Vida, arte e teatro: sinônimos, não legalizados pela burocrática língua.

 

Acordo Eu, levanto filho, embarco passageiro, caminho transeunte, atravesso na faixa, sigo colaborador, atento estudante, pai, amigo, irmão, namorado, ator social que protagoniza e coadjuva ao mesmo tempo diversos papéis ao lado duma infinidade de outros. Genuflexório mudo atento me faz cristão. No carnaval, desfilando entre outros tantos outros, sou pierrô pagão. Tributo pago no balcão, duplicata em caixa, sou cidadão. Jungnianas personas que eclodem em meio a pensativos monólogos shakespearianos, sou pessoa, sou-me. Frente ao machadiano espelho, só, sou ninguém. Nada. Meu teatro é a vida encenada sem ensaio, sem roteiro, sem frases prontas e, pior, sem deixas, sem saber a hora certa de entrar em cena. Subjetivado réu, frente à platéia social, sou muitos, entre culpado e inocente.

 

O teatro é o oxigênio. É o oxigênio contido na água. É o oxigênio contido na água contida no aquário. É o oxigênio contido na água contida no aquário onde vive o peixe, que é dourado. É o oxigênio da água que mantém o dourado peixe vivo. O peixe vivo que vive no seu aquário-palco uma representação de ser: ser peixe dourado de estimação. O estimado peixe-ator, que desfila dourado em seu palco-aquário, repleto de pedrinhas coloridas e outros objetos de cena, representando para outro ser, enche de alegria e sentido a tola existência tediosa cotidiana de seu dono-platéia. Cercado de água contida de oxigênio-teatro, respira, alimenta-se, vive e representa o peixe-ator, dando sentido a feliz razão de ser ao seu dono-platéia, contemplando-o, com a arte de ser dourado.

 

O teatro é a mentira ensaiada. É a mentira que não fere. É a mentira gostosa de se ver e viver. E viver uma mentira que se gosta é viver uma verdade. O teatro é a verdade, que não passa de uma mentira ensaiada. Mentira que não fere. Que é gostosa de se ver e viver, porque ver e viver a verdade é bom, faz bem.


O teatro-vida é complicado. O choro sem ensaio dói. É um choro que punge verdadeiro, e que às vezes torcemos para que essa verdade seja uma mentira ensaiada. A mentira sem ensaio dói, fere. No teatro-vida, os aplausos são minguados, há mais apupos que tudo, decorrentes de sentimentos esmigalhados e poluídos no dia-a-dia pela ausência de amor... e ausência essa que, na maioria das vezes, erroneamente, é preenchida de matéria. As vezes é preciso deixar o teatro-vida de lado, descer do palco-mundo, despir-se do ator social que somos e sentar-se junto a platéia do teatro-arte, deixar o sonho fluir com a mentira ensaiada, cheia de calorosa verdade verdadeira, que transforma o choro-verdade que fere, em riso alegre que acolhe, meio a real sensação coletiva de felicidade. Na platéia do teatro-arte todos atuam com o papel de olhar e sentir. E eu, ator social destituído, quando desço do palco-mundo para ver atento o teatro-arte, que não só imita a vida, mas vai além dela, sinto uma alegria transcendente, que transborda o ser, e torço para que meu teatro-vida caminhe no mesmo sentido verdadeiro da representação que não fere. Vivendo esse coletivo momento feliz, farei de tudo para que no decorrer da minha peça, atuada no palco-mundo do teatro-vida, conquiste o doce beijo molhado infinito da suave e aveludada feminina boca desejada. E após o ato final, ao fecharem-se as cortinas e as luzes se acenderem, e ascenderem-me, eu receba e sinta os calorosos, acolhedores e recompensadores aplausos da platéia.

 

 

 

Texto publicado no blog Teatraria e no site do Itaú Cultural.

 

Publicado por AB Poeta às 18:45
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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009

A pena mágica

 

Num mundo não tão distante, e nem tão ficcional, onde quem tem menos nas mãos pode vir a ser Rei, os conduzidos levavam suas existências guiando-se pelas luzes. A divina, essa sim iluminadora, não ajudava a populaça, pois ela era vista somente pelos virtuosos. As luzes utilizadas para conduzi-los eram as dos letreiros de lojas, de bares, dos cinemas, das propagandas, luz da TV... Mas no decorrer dos últimos anos um problema surgira: durante o dia a luz do Sol, que sempre causou problemas ao senado real, e que de uns tempos para cá vem ficando cada vez mais intensa, ofuscava as luzes dos letreiros e afins, atrapalhando, e muito, a condução das coisas. Sem essa luz para pautarem seus caminhos, os conduzidos logo ficariam a mercê das palavras contidas nas fachadas, e assim aprenderiam seus significados simbólicos, semânticos e elucidativos, e essa possibilidade de raciocínio sem controle produziu certo desespero na corte. A averiguação de falta de tal referência condutora durante a vigília deixou os autocratas preocupadíssimos, pois entenderam isso como uma ameaça à vida farta e luxuriosa dos cortesãos. Sem demora reuniram-se à procura de uma solução rápida e, de preferência, não tão custosa para o erário:


- Os luminosos durante a luz do dia não iluminam mais nada! E assim não guiam ninguém. Então como conduzir a plebe durante o dia, já que eles se guiam por estas luzes, as dos letreiros? Será que não é melhor recorrermos às...


- NÃO! Às palavras não! Para essas nem pensar! Elas, essas malditas, juntam-se e formam coisas terríveis... Formam FRASES!


- FRASES! ELAS FORMAM FRASES! Nossa, então o que faremos? Como evitar tal catástrofe! Não podemos deixar os conduzidos zumbizando por ai, sem luz guia e muito menos deixá-los expostos às frases formadas pelas palavras!


- Concordo plenamente. Temos que fazer algo a respeito. E de preferência sem recorrer às... Às... Não tenho nem coragem de repetir esse repugnante nome.

- Concordo, mas vamos fazer o que então?


- Já sei! Vamos utilizar a luz do fogo! Utilizá-la-emos porque, mesmo à luz do dia, elas, as chamas, são visíveis. E podemos apagá-las durante a noite, pois a luz da TV já os guia nesse período, e particularmente acho que ela faz isso muitíssimo bem.


- É uma boa idéia, mas já utilizamos as chamas para assar os pedaços de cadáveres de animais que caçamos, para alimentarmo-nos. Pode haver confusão. Os conduzidos podem não entender essa mudança e confundir as utilidades. Podem não distinguir os contextos...

 

- É verdade. Se isso ocorresse seria o caos do caos.

 

- Desgraçados são estes tais de conduzidos! Não fazem nada se não tiverem alguém que os mandem fazer! Que os ensinem a fazer! Não limpam nem o próprio cú direito se não forem corretamente adestrados.

 

- Concordo!

 

- Também concordo!

 

- Bom mesmo são os animais, que já nascem sabendo o que tem que ser feito. Já sabem para que vieram ao mundo. Equilibram-se coletivamente, cada qual com sua pré-determinada função existencial, de maneira perfeita.

 

- Concordo plenamente! Por exemplo: o João-de-barro: já nasce sabendo que tem que edificar a própria casa, e faz isso muito bem, com técnica e sem a ajuda de ninguém em... Sem dar um “piu” se quer.

 

- E insetos como as abelhas: constroem, dentro das colméias, milhares de hexágonos, simetricamente perfeitos, depois vomitam mel dentro, e tudo isso é comandado simbolicamente apenas por uma rainha; são mais de oitenta mil súditos operando ao mesmo tempo... Fascinante!

 

- É uma pena que não podemos transformar os conduzidos em animais, seria bem mais fácil, e útil, para nós.

 

- Já imaginaram que maravilha seria: não precisar mandar mais nenhum conduzido à Cia. Alfabetizadora... Economizaríamos milhares de moedas.

 

- É, mas pelo jeito a solução será gastar mais moedas com a Cia. Alfabetizadora, para letra-los e, conseqüentemente, guiar os conduzidos com a ajuda das... É, dessas ai mesmo que vocês estão pensando. Também não tenho coragem de dizer esse maléfico nome.

 

- É, não há outra solução... Acho que vamos ter que letra-los...

 

- É... Então vamos comunicar ao Rei, para que o decreto solucionador seja logo assinado, e livrarmo-nos rapidamente desse problema.

 

Naquela calorosa tarde o Rei já havia assinado uma série de vários outros decretos, o que o deixara com a mente cansada, exausto de tanto pensar, e sabendo a corte disso, caminharam todos receosos, com medo de alguma reação ríspida da parte de vossa majestade. Como não encontraram nenhuma outra solução, e o problema teria que ser resolvido o mais rápido possível, seguiram temerosos ao derradeiro encontro.


Quando adentraram na sala do Rei, ele estava sentado pensativo, com o olhar fixo no nada, imóvel e com um semblante não tão amistoso, apoiando o cotovelo esquerdo no respectivo braço do trono, com o punho cerrado e mantendo o queixo sobre, e a outra mão estava espalmada sobre a coxa direita...

 

- Com licença vossa majestade. – Disseram todos com a voz um tanto tremula. O Rei não esboçou nenhuma reação.

 

- É... Com licença, vossa majestade. – repetiram – se for incomodo voltamos outra hora...

Lentamente o Rei recostou-se, com a coluna ereta e o queixo erguido, repousou seus braços nos braços do trono, passando um ar de soberania e prepotência para com os nobres da corte, e disse:

 

- Sim. O que querem... O que os trazem aqui?

 

- É, desculpe-nos, vossa majestade, pelo incomodo...

 

- E por um acaso vocês sabem fazer outra COISA! Além de me causarem incomodo.

 

- É que... Que... Temos um problema e... Não conseguimos resolve-lo... - O Rei pôs-se a rir, levemente sarcástico...

 

- Grande novidade! Digam logo o que querem! Qual é o problema?

 

- É que... - Um outro palaciano interveio e disparou a dizer sem pausa...

 

- São as luzes que guiam os conduzidos durante a luz do dia por causa do sol rei astro os letreiros não iluminam nada consequentemente assim não guiam os conduzidos deixando essa tarefa apenas para a TV à noite e a luz do fogo não pode ser utilizada por que os conduzidos podem não entender e será o caos do caos e...

 

- CALE-SE! - urrou o Rei - Você é louco ou o que? Perdeu as estribeiras! Quer apodrecer na masmorra! Eu já sei o que está acontecendo!

 

- Sabes?! – Alguns murmuraram.

 

- Claro que sei! Tenho diversos informantes. Ou achas que deixaria a ordem do meu reino nas mãos de vocês! Áulicos idiotas!

 

- Se vossa majestade já sabe, então, por favor, diga-nos o que fazer.

 

- Sim, claro. Já pensei, pensei, pensei, e tive uma grande idéia. Vamos utilizar as palavras!

 

- Oh! – Disseram todos os cortesões, em uníssono – às palavras! Mas não é custoso e, pior, perigoso, recorrer às palavras? E se elas dominarem os conduzidos? Se isso ocorrer, podem eles virarem-se contra nós! E a Cia. Alfabetizadora? Teremos que erguer aos montes, e isso será muito custoso. Gastaremos muitas moedas!

 

- Vejo que letrar-se é mesmo privilégio de poucos. Eu não disse “recorrer às” e sim “utiliza-las”.

 

- Mas, como assim utiliza-las, vossa majestade. Perdoe nossa singela ignorância.

 

- É muito simples: precisamos somente simplifica-las. Torna-las menos complexas e mais práticas... Para nós, claro! – Quase todos riram a meio tom de maneira maliciosa.

 

- Ah! Entendi, e só mudarmos as regras do jogo! Oh, meu Rei, sua idéia é simplesmente genial. Mas... Vamos mudar isso como?

 

- Simples: assinarei um decreto mudando as regras, removendo sinais e acrescentando símbolos. Reordenarei tudo. Fazendo isso todos entenderão, pelo menos um pouco, as palavras, e assim esses ai, os conduzidos, podem guiar-se “sozinhos”, sem custo algum para os cofres e, melhor, não representarão nenhum tipo de ameaça a nós. – Todos riram em tons diferentes de satisfação.

 

- Viram como é fácil de resolver nossos problemas! Tragam-me agora papiro e pena tinteira. - Sentaram-se todos a távola, com a majestade na cabeceira, e foi assinado o decreto.

 

- Obrigado vossa majestade! Sem vossa inteligência não sei o que seria de nós.

 

- Eu sei disso! Agora, mandem chamar o poeta. Mandem-no registrar em poesia todo esse acontecimento histórico, que ficará para a eternidade...

 

- Sim, vossa alteza, seu desejo é mais que uma ordem.

 

- É... E vocês queriam investir na Cia. de Alfabetizadora... São uns dementes mesmo! – Após proferir, o Rei sentou-se soberano ao trono.

 

Rapidamente chamaram o poeta, que ao saber do ocorrido sentiu-se ferido, pois sua paixão, além de já ter virado um ofício, havia sido lesada. O que ele levou tanto tempo para aprender, debruçado dias e noites sobre sábias escrituras, já não valia mais de nada. Transcreveu o fato em poema, como era de vontade do Rei.

 

- A vontade do Rei é a nossa vontade também... E triste, de pé sobre o púlpito da ágora, recitou poeta:

 

A luz que guiava-nos, um dia
Sumira, sem dar explicação
Deixando conduzidos a deriva
Perdidos, atrás de solução

 

A chama acesa ilumina
Mas não com precisão
A TV, só à noite essa
Ajuda na condução

 

De dia o Sol brilha muito
Ofuscando a visão
E deixa as palavras expostas
Ameaçando cortesãos

 

O Rei, vendo aquilo
Agiu com precaução
E disse: Tragam-me papiro e pena
Vou acabar com a sofreguidão:

 

 

Assinar um decreto irei
Mudando a legislação
E as palavras, que antes ninguém lia
Não trarão mais aversão!

 

E assim foi feito
O Rei, que tem bom coração
Com uma simples assinatura
Alfabetizou toda a nação!

 

- Vida longa ao Rei!

 

- VIVA!

 

Após a leitura, o Rei foi aplaudido.
 

 

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Guia da reforma ortografica (2009)

Cartilha - Caminho Suave

Publicado por AB Poeta às 00:45
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Quinta-feira, 28 de Agosto de 2008

Resposta para Jabor

Não sei se vocês já leram, ou receberam por e-mail, um texto que, dizem, foi feito por Arnaldo Jabor, falando que brasileiro é isso, que é aquilo... Esse mesmo texto foi aplicado em aula com a seguinte finalidade: ser contra-argumentado. 

 

Em entrevista exibida no Programa do Jô ele diz não ser o autor de tal texto, e, inclusive, diz que esse é de caráter fascista.

 

Clique e veja parte da entrevista em que ele faz esse comentário.

 

Abaixo o dito texto:

 

Arnaldo Jabor


-Brasileiro é um povo solidário. Mentira. -Brasileiro é babaca.
Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem
escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida
sofrida;
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;
Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade...
Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.
-Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.
-Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.
Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
-Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.
Brasileiro é vagabundo por excelência. - O brasileiro tenta se enganar,
fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de
Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado
receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da
semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira. - Já foi; hoje é uma qualidade em
baixa. - Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te
autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. - Já
foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os
negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja
aceito como "aviãozinho" do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a
maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos,
inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas. O Brasil é um pais democrático. Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.
Democracia isso? Pense !
Se você não for votar o que acontece?, se não se alistar o que acontece?,
ser obrigado a ouvir propaganda eleitoral em canais abertos é justo?
Democracia é isso? Pense?
O famoso jeitinho brasileiro.
Na minha opinião um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a
política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um
"gato" puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais,
caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na
loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né? Grande coisa...
O Brasil é o país do futuro. Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas
vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram... Brasil, o país do futuro !? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo. Nenhuma reforma no congresso, (Fiscal,trabalhista, penal, Eleitoral), nenhuma punição para os mensaleiros, sangue-sugas, e inúmeros outros crimes contra a dignidade publica ainda sem apuração.....
Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar...pode ter nos dado uma terra abençoada, sem tufões, furacões e outras tragédias naturais, mas em compensação colocou um povinho de merda sobre a mesma......
O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história
brasileira.
Para finalizar tiro minha conclusão:
O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar . Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!
Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?

 

Em reposta, segue a contra-argumentação:

 

Resposta para Jabor


Brasileiro é um povo solidário, alegre, trabalhador e honesto. Verdade!

Eleger para presidente um sujeito que não tem escolaridade é sinal de que a democracia existe. O fato dele não ter escolaridade não significa que não tenha preparo, ou o Jabor já esqueceu que Machado de Assis, que ele deve ter lido tanto nas escolas por onde passou, também não tinha formação acadêmica, era autodidata, e mesmo sem escolaridade fez o que fez.

O problema do tributo não é o seu tamanho e sim a má utilização. Dar esmolas a um pobre é sinal de solidariedade e não de babaquice.

Com essas ONG's de direitos humanos, dando pitaco, já somos massacrados! Imagine sem elas... O problema das rebeliões nos presídios são os presos? Se é assim vamos instituir a pena de morte aqui no Brasil! Só que nunca vi filho de rico em presídio. A criança que nasce na favela só vê miséria e sofrimento, e vamos exigir o que dela? Que ela se torne diretor de cinema. Ou será que Marx está errado em dizer que: “O homem, em sua essência, é produto do meio em que vive”. E ainda querem reduzir a maioridade para 16 anos. Isso é um sinal de regressão e não de progresso. Desse jeito vamos acabar instituindo a lei do “ventre preso”. É favelado, é! Então prende antes de nascer!

Se o brasileiro é alegre? Claro que é! Um povo que trabalha muito, recebe um salário que mal da para sobreviver, sustenta mulher e filhos, e ainda assim, se mantém honesto e feliz, não é um povo alegre? Ser alegre é, apesar de todas as dificuldades, ser feliz! Se o Sr. José Simão faz piada das desgraças, provavelmente é porque ele está fora dela, pois pimenta no olha alheio é refresco! Bobalhão não é o povo, e sim o seu amigo de profissão.

Brasileiro é vagabundo por excelência... Declaração infeliz essa. Sentir inveja de deputados e achar que se estivessemos no lugar deles faríamos o mesmo? Situação totalmente hipotética, vocês não acham! Quem anda de ônibus, metro ou trem, sabe o tanto que o brasileiro trabalha. Qualquer um desses meios de transporte coletivo está sempre lotado. Será de trabalhadores ou será que essas pessoas saem de suas casas todos os dias, viajam de ônibus, metro ou trem, algumas vezes os três, tanto para ir quanto para vir, tudo isso por puro esporte? Acho que não? E os que recebem o bolsa-família, que não alavancam suas vidas, também são vagabundos? Quando não se tem nada e se passa a ter 90 reais por mês, o máximo que muda é o cardápio, que passa a ter comida ao invés de nada. Com certeza, se o Jabor pensa assim é por que não sabe quanto vale, esses “infinitos”, 90 reais.

O Brasileiro é honesto sim! Em todos os setores há os bons profissionais e os péssimos, que aceitam propinas. Generalizar essas atitudes é medíocre. Sacrificar os bons porque existem os maus é um ato irresponsável.
Noventa por cento de quem vive na favela não é honesto? Como não! Uma favela, iniciada há 137 anos atrás, depois da gerra do Paraguai, claro que era diferente.
Sonhar com um filho “aviãozinho” é mais um ato desesperado do que desonesto. Antes de um pai desses pensar em “aviãozinho”, ele pensa em renda familiar, que não existe na casa dele.
Os moradores dos morros não entregam os traficantes, pois os mesmos estão dispostos a matar ou morrer. Quem vai se meter com uma gente dessa... Fique a vontade!
Anarquia no Brasil? Mais uma vez generalizando. Todos têm, e a maioria cumpre, obrigações. O escarcéu feito pela imprensa é sempre encima de uma minoria barulhenta. Muitos desses políticos lutaram contra o regime militar, nas “Diretas Já”, e com certeza, ao lado de quem mesmo? Não esqueça disso.
O Brasil é com certeza o país do futuro. O pior não é dizer que meu avô já dizia isso em 1950, o pior é fato de que nós vivemos o futuro que nossos avós construiram. O Brasil é um país novo. Fomos descobertos em 1500, mas só nos tornamos república em 1889, e pior, vivemos 20 anos de uma ditadura que fez com que nosso país regredisse. Só agora temos uma política econômica mais confiável, só agora caminhamos a passos sólidos para algum futuro. Nossas taxas de crescimento são as piores, perto de quem, China, Índia ou Rússia, falta muito para que algum desses países chegue ao nosso nível estrutural. O que eles têm é somente mão-de-obra barata, ou seja, exploração humana!

Quanto ao jeitinho brasileiro, às vezes parece que é necessário. O jeitinho brasileiro não nasceu pura e simplesmente da vontade de transgredir, nasceu devido ao grande processo burocrático (para não dizer buRRocrático) que enfrentamos no dia-a-dia. A morosidade do serviço público é pai e mãe desse jeitinho. Com a velocidade com que as coisas acontecem hoje, parece que estamos sempre atrasados, e essa impressão faz da burocracia uma grande inimiga do tempo, ou seja, nossa inimiga.

Não sigo a nenhuma doutrina religiosa, mas sei que Deus é onipresente, então ele está em todos os lugares. Isso faz Dele não só brasileiro, como também brasileiro!

Conclusão:

O brasileiro é sim solidário, alegre, trabalhador e honesto! A critica ao governo no texto do Jabor é muito clara. Ele usou como exemplo os hábitos de uma minoria da população brasileira, generalizou ao extremo, e atacou o governo, ou seja, usou um para falar mal do outro. Isso não é atitude de alguém solidário, alegre, trabalhador e honesto, e sim de alguém covarde!

 

Segundo semestre de 2007.

 

Publicado por AB Poeta às 21:04
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