Quarta-feira, 8 de Junho de 2022
O ânus tatuado é o da Anitta
o buraco sem fundo é do sertanejo
o primeiro foi pintado com tinta
o segundo é um ralo de dinheiro
O primeiro é da esfera privada
o segundo abunda na pública
o primeiro serviu de propaganda
o segundo serviu de futrica
A fanqueira mostrou ao Brasil
o que o sertanejo escondeu
E o que todo mundo aprendeu?
Quem tem cu que cuide do seu!
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Uma mero ânus tatuado
para descer até o chão
Uma lei que ninguém conhece a fundo
para incendiar a discussão
Um cowboy alienado que caiu do cavalo
e melou o “esquemão”
Agora todos sabem que o caipira
mama nas tetas do erário
na verba de saúde e educação
Falta agora a Justiça fazer força
mandar esfíncter a fora essa sujeira
laçar a quadrilha, botar na fogueira
antes da próxima farra de São João
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Aquela lua imensa
acesa, linda luminária
parece um crânio, alvo
caveira solitária
Espelho astrológico
que reflete uma mortalha
lá do alto controla o tempo
ciclo que nunca falha
Dia e noite passam lentos
em seu cerne uma batalha
um dia estarei lá dentro
empunhando minha espada
Em seu eterno movimento
e seu brilho que se espalha
serei o mito refletido
perpetuando a humana saga
Sexta-feira, 20 de Maio de 2022
Sonhei um dia em ser rei
Por sonhar que ganhava a guerra
acordei, guerreei e venci!
Escrevi meu nome numa era
Não importa quem matei
nem quantas vezes nessa terra
fiz guerras quem nem lutei
pois eu sonho e outro esmera
dá o sangue, luta feito fera
pelo simples sonho que sonhei
Mas um dia não mais acordarei
e esse povo que nunca desperta
dará o sangue, fará a guerra
e morrerá pelo sonho de outro rei
A pandemia trará consciência
às pessoas, uma novas atitude
disseram os otimistas
apesar da humana insipiência
O pensamento positivo ilude:
nem acabou a pestilência
e o “novo normal”, pura fantasia
voltou a ser a velha mania
Muita coisa retrocedeu, é vero
voltamos para a estaca zero!
De certo nessa confusão
é que a maioria lavou as mãos
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Sexta-feira, 6 de Maio de 2022
A vida dos mortos
conduz a dos vivos
entre sangue e ossos
no dobrar dos sinos
A história presente
perpetua o passado
pedra e corrente
por todos os lados
Do ouro derramado
sobrou a mínima parte
Entre a beleza e a arte
o sofrimento dos escravizados
São tantos(as)
andores, altares, oratórios
brancos, pretos, mulatos
basílicas, igrejas, capelas
indígenas, cristãos, mercenários
congregações, ordens, passos
bandeirantes, escravizados
nobres, contrabandistas, conjurados
penitências , orações…
Sã tantos
pecadores e pecados
que só um batalhão divino
para expurga-los
Sexta-feira, 22 de Abril de 2022
Aos pés do mirante
algo que ninguém quer ver
Fechar os olhos não vale
para a visível realidade
Do alto a cidade é outra
o luxo ignora o lixo
e a foto feita filtra
o feio, por mero capricho
A São Paulo idealizada da rede
está longe de ser a concreta
Infecta e suja, nada discreta
não dá para negar a verdade
A "boca de lobo" a peso de ouro
o velho herói de bronze da praça
a placa do defunto, um tesouro
tudo pode virar fumaça
Fumaça que já foi da indústria
da locomotiva que puxa o país
mas hoje sua força motriz
é sugada por muitos picaretas
corruptos, tantos homens vis
E como novo símbolo pavlista
temos a ágora do vício
São Paulo queima no cachimbo
e seus ares que exalavam benesses
agora cheiram a lixo, fuligem e fezes
Sexta-feira, 15 de Abril de 2022
A tropa toda em forma
em punho, o fuzil
"aprontar, preparar...
fogo amigo!"
gira o espeto no brasio
Enquanto o povo sucumbe de desnutrição
a armada força se empanturra
Já não basta pagarmos pela farra
agora bancamos também a ereção
A vergonha não veste camuflado
e o povo não demonstra indignação
os militares já mostraram seu lado
falta ao povo entender que é Nação
Para elevar o moral da tropa
diminuir a solidão do mar
elevar a cadência aos céus
um “azulzinho” para excitar
E depois da churrascada
prótese a quem estiver sem fuzil
é hora do fogo amigo
broxa aqui é para pintar meio-fio
Um “viva” às Forças Mamadas
patriotas assim nunca se viu
embuste que esconde a mamata
farra armada, Brasil!
Vejo aptidão e coragem
para cumprir a missão
mas são apenas sombras
que não refletem retidão
Frente ao fogo da churrasqueira
se lambuza o pelotão
picanha, salmão, cerveja
suja a farda de carvão
A fome só cresce no país
parte do povo está sem abrigo
com uma força armada dessa
quem precisa de inimigo?
erro sobre a Terra
e nela
tudo se encerra, muda
pé ante pé
a vida não espera
agregue ou exclua
sob a lua
tudo o que não for
é rua
Quarta-feira, 6 de Abril de 2022
Só mais uma piada sem graça
sobre aparências
A mulher como pivô da chacota
mais uma anedota
que reforça a diferença
Um tapa na cara foi pouco
pois há quem nem assim aprenda
e precisamos de homens
que não use a mulher
mas sim a defenda
Será que foi encenação?
Mesmo assim, foi merecido:
o tabefe na cara do bufão
o Oscar ao herói marido
Sábado, 12 de Março de 2022
heróis e assassinos
assassinos heróis
aproveitadores imundos
a ordem dos tanques
destrói o produto
o trauma não sai da carne
a dor tende a ser extrema
e a poesia na guerra
é ilusão de cinema
o resto é história…
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a bravura dos que combatem
a dor de quem se desterra
desânimo, valentia
há quem acerta
há quem erra
só não há
poesia
na guerra
!
!
!
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Quarta-feira, 2 de Março de 2022
Quando eu era criança
e morava longe do mar
eu usava uma concha
para ouvir seu soar
Agora que cresci
e moro à beira mar
para ouvir a sua voz
utilizo o celular
Estar perto ou longe
do que se possa amar
pode ser suprido
há formas de se aproximar
Mas só a saudade
do que quero buscar
é uma ausência no peito
que nunca deixo de carregar
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Nossas vidas se cruzaram
ante ao fiduciário
você segundo mutuário
eu um sub-rogado
Trocamos de contratos
mantivemos as condições
de enamorados
e tivemos o amor
novado…
Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2022
Parabéns aos franceses
mudaram o regime e a lei
resolveram a pendenga
cortaram a cabeça do rei
A república aqui foi proclamada
há duzentos anos atrás
mas pelo visto, só de fachada
a plebe continua onerada
Séculos depois, soterrados
os petropolitanos ainda pagam
o luxo da praga divina
que falta faz uma guilhotina…
Quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2022
os grãos de areia
se movem ao vento
e formam as dunas do tempo
a ampulheta
e seu movimento
brinca com as dunas
giro lento
de âmbula a âmbula pelo fino
vértice
com coragem ou medo
passa cada partícula
de vida
não a deixa escorrer
pelos dedos