na primeira cria
a nova trindade:
o novo pai
o novo filho
a nova mãe
de um ventre
a gestação de três nascimentos
do dom materno
o surgimento de novos mundos
amizade de faculdade
entidade
Unisant’anna
o tempo passa, zuni
e a afinidade mantem-se imune
espírito, nirvana
pois algo ainda nos uni
em bares de Santana
para Eli, Bia, Betão e VB
A felicidade refletia impávida
nas crianças que
jogavam
bola na rua
Lá vai voa vai
a bola que voa
sobre o muro
sobre os portões
sobre as grades
sobre lanças e
cai
num quintal
fúnebre
Para a morte que florescia
no chão solitário
aquela queda era uma gota
incômoda
de alegria alheia
Desaforada fora a bola
que foi furada
rasgada
partida ao meio
no meio do quintal
meio aos olhares alheios
violentada como um meio
de se atingir a felicidade
Dia seis
Dia de Reis
Não sou nobre
Nem sou pobre
Não sou clero
E nem quero
Ser nada além de folia
Dia seis é o meu dia!
Minha rua negra já foi de terra, pedras e diversões
Na época em que os carneiros eram coloridos
e podíamos montá-los e guardar essa lembrança
para o resto de nossas vidas
O Gigante é uma lembrança alegre
A casa da Flora nunca teve árvores
O homem da tapioca não tinha relógio
e sabia a hora certa. Acho que nos tapeava
As gêmeas, nunca achei elas parecidas, mas
agora estão ficando (que estranho...)
Alguns vizinhos detestavam os inofensivos
restos de couro que insistíamos em chutar
entre os chinelos que ficavam nas laterais da rua
Acho que éramos uma gangue de crianças
criminosas que com alegria pura e ilícita
perturbavam a moral adulta
O céu da minha rua sempre foi de nuvens e pipas
Poucos fios e postes ainda
Nas noites ele era mais celeste
Tinha mais e maiores pontos brancos
Salpicados, densos, formavam manchas
Hoje minha rua é silêncio
Que às vezes é quebrado por algum vendedor
Alguém pedindo um punhado
Leitores autárquicos...
Às vezes passa uma criança correndo
Dá um grito e some veloz rindo
Mas não sei se é menino do vizinho
Se é de outra rua
Ou se é uma impressão saudosa
Que ainda insiste em brincar
E pregar peças nesse adulto clandestino que me transformei
Hoje é dia do amigo
Como pude esquecer!
Vendo um álbum antigo
Lembrei-me de você
Quantos momentos divertidos
Festas, passeios, viagens
Esquinas, roles, camaradagens
Muitos instantes vividos
Alguns, em fotos guardados
Outros, boas lembranças
Agora, estamos separados
Mas juntos, somos crianças
Crianças alegres brincantes
Neste tempo maluco: perdidos
Nossos sonhos a muito esquecidos
Tornam-se em conjunto brilhantes
Mágoas sofridas de outrora
Risos alegres de agora
Pois briga de amigo vai embora
Não fica, passa na hora
Às vezes me sinto só
Precisando de abrigo
Meu estado chega dá dó
Por isso lhe antedigo:
Nesse mundo conturbado
Onde muito se aceita calado
É bom sempre estar contigo
Quero tê-lo sempre ao meu lado
Obrigado por existir, amigo!
Download - pra ouvir:
Texto escrito em 11/03/08.
Charles gostaria de agradecê-lo publicamente pela chance que você e o Pedrão me deram quando me aprovaram no teste para embalador. Já faz um tempão né cara (final de 2002), mas sabe como é: não podemos esquecer das origens, nunca! Com certeza nessa época já começava sua tendência para a área em que vai atuar agora, RH. Sou muito grato por isso, um momento de decisão de vocês dois que mudou muita coisa em minha vida, meu caráter, minha visão profissional (essa mudou muito). E como as coisas são: depois de ter “lombado” muita caixa na expedição, e ter percorrido outros departamentos, viemos parar aqui em vendas. E de passagem, como é para tudo e todos na vida. É engraçado essa fama de chato, que pessoas questionadoras como você tem. É gente assim que muda alguma coisa em qualquer lugar. O ruim disso é que as pessoas omissas se beneficiam com essas mudanças, mas não são capazes de perceber quem mudou o que e por que foi mudado... E ainda pior, pensam: MUDAR PARA QUE?
É isso cara, quem cria raiz é planta e quem fica parado é poste!
Valeu brother, bom novo trabalho, já que quem precisa de sorte são os incompetentes, os preguiçosos e os invejosos!
Como você gosta de ler, segue um trecho do Livro do Desassossego - Fernando Pessoa - um livro para pessoas desassossegadas.
Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração e um livramento, aquelas frases simples de Caeiro, na referência natural do que resulta do pequeno tamanho da sua aldeia. Dali, diz ele, porque é pequena, pode ver-se mais do mundo do que da cidade; e por isso a aldeia é maior que a cidade...
Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura.
Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida.
Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.
"Sou do tamanho do que vejo!” Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. “Sou do tamanho do que vejo!” Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se refletem nele, e, assim, em certo modo, ali estão.
E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objetiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando.
"Sou do tamanho do que vejo!" E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.
Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade largal aos grandes espaços da matéria vazia.
Mas recolho-me e abrando. "Sou do tamanho do que vejo!” E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.
Fernando Pessoa
Acho que todos nós aprendemos isto desde criança: nunca deseje aos outros o que você não quer que lhe aconteça. Ou, pelo menos, algo parecido com isso... Ou nessa mesma linha. Mas uma coisa é certa: o bem é algo a ser ensinado; a virtude é algo a ser ensinada. E muitas vezes quem nos ensina isso é a experiência.
Segundo psicanalistas (Jung é pai desta teoria), todos nós carregamos em nosso inconsciente um arquétipo chamado sombra, que é responsável pelos nossos atos (pensamentos) violentos e, socialmente, inaceitáveis. A sombra é o lado “primitivo” do homem, que foi gradativamente, durante todo seu processo de “evolução”, sendo reprimida no inconsciente através dum processo social de “educação” (adestramento) que sofremos durante todo o decorrer de nossa história. De vez em quando ela da às caras. Nos momentos em que explodimos numa fúria cega, é ela, nossa amiguinha, que bota lenha na fogueira. O Self, arquétipo responsável pelo “equilíbrio” do inconsciente, é quem da uma “segurada de onda”, canalizando essa violenta energia para outros arquétipos, aliviando-nos, e afundando no sub, cada vez mais, a sombra.
Somos naturalmente violentos, mas, ainda bem, que inventamos o Bem, que nunca é absoluto, mas que faz com que pensamos que há algo sublime a alcançar, e isso nos ajuda a esquecer que temos esse tipo “ruim” de natureza. Mas, tudo bem, não é para falar sobre isso que escrevi este, e sim para contar uma história que vivi e que tem tudo a ver com o título deste acima.
Amigo secreto, essa brincadeira (pé no saco) que se faz, geralmente, em final de ano, onde um grupo de pessoas escreve seus nomes em pedacinhos de papel e depois sorteiam os papelotes (no bom sentido) entre si, não participei de muitas, mas fiz parte de uma que me deu uma boa lição.
Participei duma dessas brincadeiras na época de colégio. O combinado foi que, ao invés de comprarmos presentes mais tradicionais, como roupas, discos (na época), essas coisas assim, presentear-nos-íamos com chocolate. Poderia ser em barra, caixa de bombom, etc.. Não me recordo do nome na menina que tirei no sorteio, mas lembro que beleza não era sua maior virtude... Para ela, comprei uma barra dessas grandonas, recheada com pedacinhos de amendoim. Não lembro o nome, nem marca, de tal guloseima, recordo somente que vinha numa embalagem de papel de cor amarela e tinha um nome curto escrito em vermelho. Cursava no horário vespertino, e entrava na aula próximo ás 13hs. Sai naquela tarde, visualmente corriqueira: ônibus passando, os botecos abertos, grupos de pré-adolescentes uniformizados com avental branco, seguindo em direção a instituição de ensino estatal... Tarde que era diferenciada somente por ter como data o final da brincadeira. Segui pela rua e, ao dobrar a esquina, encontrei com um amigo meu de sala (amigo próximo meu até hoje), e logo iniciamos uma conversa sobre o acontecimento que estava por vir. Perguntou-me se já havia comprado o presente para meu secreto amigo, respondi que sim, o que era, mas não revelei seu nome. Ele comentou que ainda não havia comprado seu presente, e que passaria, antes da aula, no mercadinho que ficava (ainda fica) na esquina posterior a do colégio. Fomos juntos. Chegando lá havia muitas opções de presente, o que gerou certa dúvida do que comprar. Pediu minha ajuda (opinião), e acabou decidindo por uma entre duas caixas de bombons. Uma das caixas continha um número maior de unidades, acho que trinta, ou algo perto disso, mas por isso tinha preço mais alto. A outra, a escolhida, tinha um número menor de unidades, dezesseis bombons, mas o principal atrativo, segundo meu ponto de vista, era que o preço acompanhava essa redução quantitativa.
Então perguntou para mim:
- E ai André, qual das duas você acha que devo comprar?
- A mais barata, claro! – Respondi “na lata”.
- Mas a outra não está tão mais cara assim. E, pela quantidade de bombons que vem na caixa, acho que o preço compensa. – Disse com visível empatia pelo amigo que seria futuramente presenteado.
- Tanto faz. O que importa é que você entregará o presente. E, melhor ainda, vai lhe sobrar uma grana! E o cara, esse, nem vai saber mesmo... – Respondi com total indiferença.
- Ah, então vai essa mesmo. – Seguimos para o colégio.
Chegamos à sala, todos já eufóricos para saber quem foi quem que tirou quem, quem que ganhou o que, quem ganhou o que de quem... E assim foi até a professora chegar e dar início ao final do jogo misterioso. No começo é sempre o mesmo suspense: um vai até a frente da sala e começa a descrever seu amigo secreto, até descobrirem quem é, e nesse espaço de tempo todo mundo fica, é fulano, é cicrano... E, quase nunca, ninguém acerta. Chegou à vez desse meu amigo, e minha ansiedade aumentou, pois como eu instantes antes havia ajudado a decidir na escolha do presente, queria saber quem era o indivíduo a ser contemplado. Ele começou a descrevê-lo, dando risada. Ai a classe ria junto, e eu ria junto com a classe. Descrevia... Dava risada... A classe ria... E eu, ria junto com a classe... Com a caixa na mão, chegada à hora de falar o nome do agraciado, olhou para mim e riu...
Adivinhem quem ele tirou!
Downloads:
Álbum completo:
IRA! - Vivendo e não aprendendo
Para ler:
André Comte-Sponville - O pequeno tratado das grandes virtudes
Ligadas pela loucura rotineira do trabalho, encontros se deram ao longo de horas, dias, anos laboriosos, e se desfizeram em nome de objetivos, sonhos, desejos inatingíveis e sem fim... Das pessoas que convivi, poucas conheci sem persona, mas a todas dediquei-me como prestativo humano demasiado. Com cada um fui um, peculiarmente, e para cada um fui um subjetivamente. Em cada tempo fui um, sem tempo de ser o que talvez desejasse, pois fui-me um a cada eu, e a cada eu sou-me o que a ocasião faz-me ser. De todas as pessoas que passaram por onde passei, inclusive, e talvez principalmente, as que fui, delas só me restarão poucas lembranças, revividas em flashs de memória, que, no decorrer do tempo, irão se esfarelar até sumirem. Dos outros e de mim, e dos que ainda serei e serei-me, um dia, só sobrarão as fotos...
Em meados do ano de 1994, quatro rapazes (nenhum de Leverpool) que serviam à pátria no mesmo quartel – 2º Batalhão de Polícia do Exército, quando ainda era na Abílio Soares, SP/SP – formaram uma banda, os Almôndegas Selvagens, com o intuito de fazer um som extremamente punk, com letras de protesto, performances agressivas e visual podre. A banda, que supostamente seria conhecida em todo o circuito alternativo, nunca saiu do papel, mas habitou vivamente nossos pensamentos rebeldes e sonhos juvenis, ambos potencializados pela vida militar obrigatória indesejada.
Os Almôndegas Selvagens nunca subiram num palco, tocaram numa garagem, num quintal, nem mesmo se reuniram num bar, esquina... Mas foi intensamente vivo em nossas conversas, e essa rebeldia juvenil que queríamos expressar revive a cada palavrão, cada gesto de indignação que emerge diante de uma situação de injustiça, de descaso com a população. Um de nossos “fãs” escreveu uma letra – Falsa Sociedade – que nunca foi gravada, tocada, nem mesmo assobiada, não tem cifra, tablatura, muito menos uma partitura, mas tem o “espírito” da banda.
Segue letra:
Vivemos numa falsa sociedade
Somos enganados totalmente
Somos escravos da cidade
Sistema que aliena tanta gente
Por que é assim? Por que é assim?
Tanta exploração, até parece o fim!
A religião é só mentira
São estórias pra ninar criança
Pois falta uma coisa que perdemos
Ela se chama esperança
Enquanto alguns comem com fartura
Outros morrem de fome
Vivem jogados na sarjeta
E nem sabe o seu nome
Por que é assim? Por que é assim?
Tanta injustiça, até parece o fim!
A cada escarrada e cuspida disparada os Almôndegas Selvagens são relembrados, inconscientemente...
Cartaz para divulgação dos shows que nunca aconteceram - O número de telefone que aparece era o do orelhão que tinha no quartel.
Download pra ouvir:
Dead Kennedys - Holiday in Cambodia
Ratos de Porão - Crucificados pelo Sistema
Completos:
O Começo do Fim do Mundo - Festival Punk 1982
Pra ler:
Coleção Primeiros Passos - O Que é Punk - Antonio Bivar
Mate-me, Por Favor - Legs McNiel e Gillian McCain
Pra Ver:
Botinada - A Origem do Punk no Brasil - Direção: Gastão Moreira
Clique aqui e veja trechos pelo YouTube
2ºBPE - 1994
Soldados: Riguengo, Moraes Gomes, Braga, Santos Pereira, Bicalho e os outros dois de macacão verde não me lembro o nome.
Cajamar/SP - 1º Acampamento
2º Acampamento - A volta para casa
PE é o guerreiro
Que mata guerrilheiro
Mata, esfola
Usando sempre seu fuzil
PE é o guerreiro
Mais valente do Brasil...
Canções - Letras:
Canções - Downloads:
Comunidade Orkut: Sim, servi a PE em 94!
Â
Sex Pistols - Anarchy in the UK
Esta é uma de minhas aventuras como fotógrafo. Este trabalho foi realizado no segundo semestre de 2007, para as aulas de fotográfia publicitária. Para quem nunca havia utilizado uma máquina fotográfica profissional antes, até que ficou bom!
Tema: Melindrosa
Modelos: Eva Hilanna e Bruno Cordeiro
Fotógrafo: André Al
Produtores: Aline Pellegrini, André Al, Bruna Rafael, Bruno Cordeiro, Diogenes, Eliana Rodrigues, Eva Hilanna e Janaina Pangella.
Supervisão: Profª Juliana
Estas duas não foram aproveitadas
Equipe responsável pelo trabalho:
Diogenes, Aline, Bruno, Jana, Eli, Eva, Bruna e André.
O Trabalho
O trabalho, numa visão histórica, sempre foi ligado a algo ruim. Até mesmo na bíblia; quando Adão e Eva comeram do fruto proibido foram expulsos do paraíso e condenados a trabalhar. Eva se ferrou duas vezes, pois, além do trabalho manual, também coube a ela (mulher) o trabalho de parto.
A palavra trabalho vem da palavra, originária do vocábulo latino, tripalium, que era o nome de um aparelho de tortura, formado por três paus, utilizado para amarar os condenados. Como herança dessa origem, ela é sempre associada ao sofrimento, pena ou labuta.
Na Grécia antiga toda a atividade manual era desvalorizada, e feita pelos escravos. Somente as atividades teóricas (contemplação das idéias) eram consideras dignas.
São Tomás de Aquino, na idade média, tentou desvincular esse estigma do trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas como sua filosofia tem como base a visão grega, tende a valorizar as atividades contemplativas. Alguns textos medievais consideravam a “arte mecânica” uma arte inferior.
A ascensão da burguesia, na idade moderna, muda totalmente à concepção do trabalho. Com o domínio sobre as “artes mecânicas” e as grandes navegações, e a exploração de ambas, a sociedade passa por grandes transformações econômicas, determinantes para a passagem do feudalismo para o capitalismo. Surgem os primeiros barracões manufatureiros (primeiras fabricas), e os trabalhadores, que antes produziam por conta própria em suas casas, agora, para sobreviver, são obrigados a venderem a única coisa que lhes sobraram: sua força de trabalho. O fruto provindo do trabalho já não pertence mais ao trabalhador. Toda a produção e lucro pertencem ao empresário. Com a produção crescendo rapidamente, a divisão do trabalho em horários pré-estabelecidos, e o desenvolvimentos dos grandes centros urbanos, surge uma nova classe social: (nós) o proletário.
A Reforma Protestante (século XVI), a Revolução Francesa e Revolução Industrial (século XVIII), contribuíram para fixar essa nova ordem social, e, principalmente, para mudar toda visão histórica que se tinha sobre o trabalho.
Até quando isso?
O Tempo
Já era! Não somos mais os donos do tempo. O Tempo, essa idéia “abstrata”, que antes era marcada apenas pelo nascer e o por do sol, ou pelas colheitas, agora é mensurado pelo relógio. Primeiro o pensador disse: “o tempo é o senhor da razão”; ai veio os revolucionários industriais burgueses, se apoderam do relógio, esse marcador de tempo, e disseram: “não não! Tempo é dinheiro”.
De quem é o tempo?
Romanos, Julio César, Augusto, gregorianos, Carlos IX, Papa Gregório XIII, era cristã. 365 dias, 6hs e alguns minutos.
De quem é o tempo?
- Corre o coelho, olhando o relógio: “to atrasado, to atrasado”, sempre.
- A rainha mandona manda: “que sirvam o chá... E cortem-lhe a cabeça!”, sempre, também.
Ninguém é decapitado, mas sempre se perde a cabeça.
De quem é o tempo?
Newton, Einstein... Tempo + Espaço = espaço-tempo. Quanto mais próximo de um objeto, maior será a distorção no espaço-tempo. Isso faz com que o tempo passe mais devagar, para quem está próximo desse objeto, pois a força da gravidade será maior nesse ponto do espaço-tempo. Mas se você for arremessado para longe, numa velocidade próxima a da luz, aí não, aí ele fica mais lento. Dilatação temporal... Isto é absoluto: o tempo não é mais absoluto!
De quem é o tempo?
Taylor, Fayol, Ford.
De quem é o tempo?
Acorda, café-da-manhã, ônibus, trabalho, almoço, trabalho (muitos copos de café nesse meio tempo), ônibus, escola, dorme, cinco dias (com alguns happy-hours e outras cositas mas no meio) , acorda, feira, mercado, shopping, afazeres domésticos, estudos, filmes, baladas, dorme, acorda, missa, macarrão, frango, futebol, Faustão, fantástico, dorme...
De quem é o tempo?
O tempo, hoje, pertence as grandes indústrias, companhias, multinacionais, etc... E o seu relógio serve somente para lembrá-lo disso.
O Lazer
Sempre após o expediente um grupo de pessoas se reúnem num bar. Já que foram libertos das amarras empregatícias, aproveitavam seu tempo de lazer tomando uma gelada. Isso é absolutamente normal, numa sociedade industrializada como a de hoje; pessoas que tem coisas em comum se reunindo no mesmo local. Isso acontece, não porque existe uma força divina que os une, e sim porque existe um habito de consumo em comum. A sociedade industrial produziu um ser que se reconhece, se junta, se une através do consumo. O lazer alienado produz esses grupos. E, fala a verdade, depois de um dia inteiro entregue ao trabalho, tomar uma cerveja não é nada mais do que justo.
Ler um livro, aprender a tocar algum instrumento musical, plantar uma árvore, escrever, pintar um quadro, assistir a um filme em DVD, que não seja um blockbuster, caminhar, fazer um artesanato, cozinhar, etc., todas essas práticas foram, praticamente, erradicadas da vida (tempo livre) da maioria das pessoas.
Graças a grande indústria do lazer, se você não estiver consumindo, qualquer coisa, você acredita que não há mais nada para se fazer. O consumo, junto com o “tempo livre”, construiu algo mágico, algo que faz com que você tenha a sensação de que o seu tempo está sendo muito bem aproveitado. Ta ai, uma grande característica do homem do século XX: o lazer alienado.
O Partido
Essa alienação do lazer até que não é tão ruim. Em meados de 2006, um grupo de pessoas, de tanto se reunirem no mesmo local, para fazer a mesma coisa: discutir sobre os mais variados assuntos e apreciar a boa e velha cerveja, decidiram montar um partido, intitulado Partido Cervejeiro Universal, o famoso P.C.U.
A coisa ficou tão organizada que foram feitas camisetas com o logo do partido, foi escolhida uma sede (Toka’s Bar), feito um vídeo musical e um estatuto com os deveres, direitos e obrigações dos filiados. Também elegemos um presidente e seu vice.
A democracia dentro do partido foi exercida de forma sublime. Todo o estatuto foi escrito com todos os filiados dando sua opinião e sugestão, independente do cargo que ocupava na empresa ou o nível de amizade com qualquer integrante do partido. Foi de causar inveja até a ágora ateniense.
Segue estatuto:
PARTIDO CERVEJEIRO UNIVERSAL – ESTATUTO
Capítulo I - Do Partido e seus objetivos:
Artigo 1º) O P.C.U. tem como objetivo principal agregar apreciadores de : cerveja, samba e churrasco.
Capítulo II - Dos filiados:
Artigo 1º) Será admitido como membro do P.C.U. qualquer pessoa que compartilhe dos nossos ideais independente de ser funcionário da Universal;
Artigo 2º) Face ao exposto acima, fica proibida a entrada de : abstênicos, vegetarianos e outros malas;
Artigo 3º) Os afiliados a partir de 2007 terão direito a uma grande recepção na nossa sede (Toka´s), ocasião em que o novo integrante pagará 01 caixa de cerveja para entrar no Partido;
Artigo 4º) O P.C.U. repudia os Sanguessugas de boteco (aquelas pessoas que adoram beber mas são escorregadias na hora de pagar); qualquer ato neste sentido será punido severamente pelo Partido.
Capítulo III - Das obrigações:
Artigo 1º) Todo o filiado tem a obrigação de pagar 01 Caixa de Cerveja no mês do seu aniversário, ficando a seu critério a data de escolha da comemoração, desde que seja em uma sexta-feira;
Artigo 2º) Isso também se aplica as seguintes Comemorações : promoção, formatura, casamento, separação, férias, nascimento de filhos, prêmios de bingo, bicho, loterias, etc.;
Artigo 3º) Não serão aceitas desculpas quanto a situação financeira do filiado, pois para um membro do P.C.U. mais importante do que ter dinheiro é ter crédito.
Capítulo IV - Das reuniões:
Artigo 1º) Nossas reuniões serão realizadas todas as sextas feiras a partir das 17:45 na nossa sede social (Toka’s I) ou durante a semana se houver necessidade de alguma reunião extra-ordinária;
Artigo 2º) Uma vez por mês realizaremos na nossa quadra de esportes um churrasco de confraternização;
Artigo 3º) Quando da realização dos churrascos, o pagamento da contribuição deverá ser efetuado até as 15hs para melhor organização do evento;
Artigo 4º) Todo o conteúdo das conversas e acontecimentos das reuniões dizem respeito somente aos integrantes do Partido, sendo não permitido a sua proliferação fora da Sede;
Artigo 5º) É expressamente proibido falar de serviço nas reuniões por mais de 30 minutos;
Artigo 6º) Também fica proibido o consumo de sub-cervejas como : Kaiser, Bavária, Schin, etc. e no caso de cervejas sem teor alcoólico se faz necessário uma justificativa do integrante, sujeita á análise;
Artigo 7º) Em toda reunião do Partido será colocado um engradado vazio que irá sendo preenchido com as garrafas vazias. Cada integrante do Partido na sua saída deverá retirar as garrafas que julgar de acordo com o seu consumo;
Artigo 8º) Todo membro do Partido poderá convidar : parentes, amigos, namorados (as), filhos (as) , etc. desde que garantam a consumação dos mesmos.
São Paulo, 27 de Outubro de 2006.
Logos
Esse foi o primeiro, mas queriamos algo melhor, exclusivo.
Então o Fabinho (ex-partidário) desenhou esses dois.
Chegamos finalmente a esse, que está estampado em nossas camisetas.
Logo atual
Também foi feito um vídeo, totalmente no improviso, com duas de nossas partidárias (Juju e Dani, as duas vice do partido), numa festa da empresa. A letra, até onde sei, a da nossa saudosa vice Juju.
Também, claro, temos uma comunidade no Orkut. Clique aqui e participe.
A melhor coisa de tudo isso é o exemplo que fica de que quando um grupo de pessoas quer se organizar, se unir, elas conseguem e, algumas vezes, vão muito mais além. Não faltam grandes exemplos: Greenpeace, ATST-Faculdade (SP), ONG's, etc....
Até quando o consumo irá nos unir?
1º Encontro anual PCU - 28/11/2008
Baixe para ouvir:
Casa de Bamba - Martinho da Vila
Demônios da Garoa - Saudosa Maloca
Referência Bibliográfica:
Baixe para ler:
Filosofando - Introdução a filosofia
Uma breve história do tempo - Stephen Hawking
Eu adoro você menina! Acho você linda, forte e inteligente, uma mulher incrível. Fui algumas vezes bem grosso com você, sei disso, me desculpe. É meu jeito. Sou meio que exagerado mesmo. Vejo em você uma energia muito grande, algo puro e belo... Infinito. Muito forte. Parece que eu absorvo isso, ai meu exagero acaba ficando maior ainda. Não sei por que, mas nossa amizade acabou ficando um pouco distante. Talvez a facul, a correria do dia-a-dia, cursos extras, sei lá. Ruim né.
Obrigado pelo bilhete. Muita gente foi carinhosa comigo na hora da despedia, mas essas palavras quando vindas de você é diferente. Eu te acho especial, então suas palavras também são especiais, e quando elas são direcionadas a mim, me sinto especial também. Acredito que você tenha esse dom.
Quanto ao cara que entrou no rio, não sei quem é nem quem disse isso. Só conheço aquele da música da Baby Consulelo, o Menino do Rio. Que merda né!
Sempre se deseja muito sucesso, realizações ou se tem muita esperança. O que realmente te desejo é FELICIDADE! Sucesso? Que sucesso que nada, seja feliz! Realizações? Que porra nenhuma de realizações, te desejo felicidade! Esperança? Esperança é a pratica da espera, e não há por que esperar, temos que ser desesperados (des-esperar = não prática da espera)! Desejo a ti toda a felicidade!
Agente ainda vai tomar muitas cervejas juntos, não quero perder sua amizade, alias, perder não, torna-la ainda mais distante...
Mil beijos menina, de uma pessoa que gosta de você!
Baixe pra ouvir:
Boa tarde a todos!
Como é do conhecimento da maioria das pessoas dai, deixei de fazer parte do quadro de funcionários da empresa. Quero agradecer a todos por terem me ajudado durante o período em que fiz parte dessa grande família.
Desculpem-me se fui rude, grosso, briguento ou qualquer outra coisa do tipo. Sou assim mesmo, visceral! Visto a camisa do time em que estou jogando. Se alguma coisa atrapalha o andamento do meu trabalho, e o meu (nosso) trabalho é o que dá Vida a empresa, ai meu amigo, é melhor sair da frente. Ou você tem um ótimo discurso fudamentado e muito bem argumentado, ou... Não me atrapalhe! Pareço um pouco arrogante, mas se pararmos para pensar, não é o sistema, os métodos, os procedimentos, as máquinas que fazem com que a empresa ande, são as pessoas. O material humano (no maior sentido que a palavra humano possa ter). O intelecto. Um basta à burocracia . Viva o dinamismo, a agilidade! A empresa é somente: um nome que possui um número (CNPJ), que é reconhecido por toda a sociedade, perante a um contrato, e que tem uma localidade, vende produtos ou serviços, ou muitas vezes os dois, mas que sem as pessoas, esse ser chamado empresa, que foi inventado, não dá um passo a frente. Alias, não se move um fio de cabelo que seja!
Valeu pessoal da expedição! Flávio, que no começo ficou meio receoso para me contratar, mas graças ao Pedro e o Charles, que me avaliaram quando fiz o teste para embalador, e convenceram-no, as coisas (impressões) tomaram um rumo bem diferente. Obrigado Flávio pela confiança. Aos outros lideres, Lorival, Marques, David, Ronni, valeu pela força. O pessoal da antiga, Fabão, Baiano, Nivaldo, Zé Antonio, U2, Ronaldinho, Johannes (acho que é assim que se escreve) Geir, André (Príncipe), Jefferson, Hildebrando, Tião, Marcelino, Rafael, Mingalzinho, e mais outros que não me lembro agora, muito obrigado mesmo. Pessoal da garantia, Rose, Raimundo, Raimunda, Rinaldo, Leandro, o pessoal novo que está ai, mas não lembro o nome também, (os outros eu já citei) muito obrigado.
Cida, muito obrigado, você foi (é) uma pessoa que me ajudou muito ai dentro, acreditou muito no meu trabalho. Particularmente, você acreditou mais em mim do que eu mesmo. Sou muito grato!
Ao pessoal da cobrança (na época), Cris, Fabio, Luciana, Paulo, Oto, que me incentivaram todo o tempo em que estive trabalhando por lá.
Valeu todo o pessoal de Compras, SAC, Financeiro (ai Dudu tranqueira!), Política Comercial, Informática, Contabilidade, RH, muito obrigado a todos por me aturarem, porque, realmente, eu pesava na de vocês atrás de respostas para as minhas inquietudes profissionais.
Obrigado Cinthya, você também me ajudou muito.
As meninas do Restaurante, Marli, Solange, Mazé, Cida, Lurdes, o brigado pelo modo gentil e atencioso com que vocês me tratavam.
Pessoal da Exportação muito obrigado por me incentivarem a criar, a porem lenha nas minhas idéias. Maria José, Aline, Vannn, vocês são mulheres maravilhosas! Seu Jairo muito obrigado pela força (o Sr. também não é nada bobo, cercado de mulheres lindas!).
Obrigado Netto pela oportunidade na área comercial, Eduardo, Donizette, valeu, aprendi muito com vocês. Marilda, Viviane obrigado pelo carinho e atenção.
Galera do dominó, graças a vocês hoje eu me considero um atleta, e de peso, valeu!
Marcelo Molinari, Seu Jairo, Ronaldinho, Cristiano, Fabio Junio, Mauricio, Gerlucio, este ano o Peixe é TRI!!!!!
Oswaldinho e Davi, “demorô” para banda de vocês detonar! É só uma questão de tempo, e não a nada que ele não construa! Putz, lembra quando montamos a banda, eu vocês e a Raí... Então, a empresa não sabe a festa que perdeu.
Aos PCUenses, está no estatuto que demissão também é motivo para comemorar. Então Excelentíssimo Senhor Presidente Paulo, logo agendaremos uma caixinha. Valeu Paulão, acho que só de ter organizado o PCU, você já tem um lugar no Céu. E com OpenBar!
Edna, Idamar e Wagnão, muito obrigado, principalmente pelas risadas. Acho que a digitação é o dpto mais bem humorado da empresa. Pelo menos pra mim.
Pessoal de Ferragens (bando de tranqueiras) Milena, Cleiton (vulgo Cleitóris), Solange Maria, Janaina, Katita, Vanessão, Dani, Fabio Dábliu (W), Marcelo, O cara novo (não lembro o nome, pra variar), Jeremias, Solange Marchiotti, Mauricio, Angelica, Flávia, Paulo Galan, muito obrigado a todos pelos incentivos e, principalmente, por rirem das minhas piadas, estórias, histórias e mais um monte de maluquices que saíram da minha cabeça. Inclusive, tem um ditado que diz: Perco o amigo, mas não perco a piada. Acho que hoje ele foi reescrito: Perco o emprego, mas não perco a idéia! Sei que todos vocês sentirão saudades da minha torta, mas não fiquem tristes, mando uma de presente, para recordar os bons tempos. Valeu Willian, foi um ótimo aprendizado ter trabalho com você. Valeu pelas conversas sobre profissão, mercado, administração, sociologia, logística, marketing e mais uma infinidade de assuntos. Só as pessoas informadas estão à frente do tempo, parabéns você é um excelente profissional.
Muito obrigado aos meus companheiros (camaradas) amados do departamento, que aturaram a minha pessoa, minhas piadas, meus xingamentos, minhas crises nervosas e que adoravam a minha torta. E principalmente a de carne.
Valeu Nelsão pelos papos-furados, esses são os melhores de serem conversados. Você é um cara muito gente boa, não vale nada, mas é gente boa, continue assim.
Papito! O melhor vendedor da empresa! Roeu um osso “du inferno” no começo, mas no decorrer do tempo você mostrou o vendedor que é! Não tenho dúvida, da empresa você é o melhor. Depois de conhecê-lo passei até a acreditar que existe Uruguayo gente-fina. Fabiola.... (um suspiro) Ai ai... (Mais uma vez) Fabiola... A menina doce... Você é uma mulher inteligentíssima, uma profissional excelente e que sabe o que quer. Você não amarela diante de desafios, parabéns! Sentirei muitas saudades desse seu sorriso... Thatiana e Vanessa, trabalhamos pouco tempo juntos, mas foi muito bom, ri muito! Vocês estão chegando agora, mas não desanimem, tudo vai dar certo!
Leandro, sei que mudou de área, mas afinal, o tempo no dpto de vendas ainda é maior. Você é um cara extremante inteligente, uma excelente pessoa, alias, nunca conheci nenhum economista tão bom em língua portuguesa quanto você! Parabéns!
Saio daí sem medo e levando comigo a experiência, a gratidão e a amizade. Se esqueci de alguém, me desculpe, afinal foram cinco anos e quatro meses de empresa, e em diversas áreas. Vi muita gente passar...
10/04/08
...Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobra-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
Trecho de “O operário em construção” – Vinícius de Moraes