A pombinha banca da paz
Que bebe água de esgoto
Que come restos da cidade
E migalhas de bondade
Mal sabe que seu vôo
É metáfora terrestre
A pomba indigente
Foco de doenças
Vive junto aos seus
Defeca nos heróis
Nos casais e nos Santos
Gorjeia em fios elétricos
Aninha-se em luminárias
E em tetos comerciais
Que quase tocam o céu
A pomba não sabe o que é paz
Nem o que é guerra
Nem o que é herói
Nem o que é doença
Nem indigência
Não sabe nem o que é voar
Rato alado hoje
A pomba sofre
As conseqüências
Boas e más
Da minha utopia