Quanta tristeza...
Não avisaram à mamãe natureza
Que a primavera começa em setembro
O verão em dezembro
Em março o outono
Junho é o inverno
Mas que inferno!
Me causa aborrecimento
Falar de aquecimento
Um tormento
Na vida do homem moderno
Homem, que não aceita sua insignificância
Depois de combater-se em guerras
Desbravar, desmatar e asfaltar a terra
Depois de tantas descobertas
Logo agora! Querem frear a ganância?
Ora! Nossa ânsia
Rapina
É maior do que tudo
Parar às máquinas?
Extinguir o produto
Jamais!
O capitalismo está renascendo, voraz
Convencendo até os camaradas
Que lá, nas vermelhas moradas
Encantaram-se com as moedas douradas
(cédulas esverdeadas)
As grandes reuniões
Das decisões capitais
Já não adiantam mais
Os velhos figurões
Os mais hábeis dos animais
Perceberam que somos meros mortais
E antes que o cachorro chacoalhe
Suas pulgas, para longe demais
Vamos esquecer os “detalhes”
E ganhar mais e mais
Vamos produzir!
Fazer luzir nossa conta
Bancária, que desponta
Entre tantas capitais
Países pobres (emergentes)
Querem ser como a gente?
Primeiros no mundo
Então manufaturem as riquezas naturais
Vendam a boiada
Educar a manada?
Não há necessidade
Coloque-os na faculdade
Forme somente mão-de-obra
Isso vocês tem de sobra
A renda per capta
(dez para mim, pra você nada)
Vai crescer
O PIB alvorecer
E quando o fim da era amanhecer
Não vamos estar aqui para ver
Quem ficar para ver o final da história
E sobreviver
Que escreva-a nas pedras