O picho é um grito escrito num muro, por um cara que berrou no escuro da noite, na calada da cidade que, parcialmente morta, dorme.
Quem acorda do coma em meio à manada, passa em frente e o lê cravado disforme, escuta o apelo do coitado e mesmo sem vê-lo sabe que a paz não repousa e sim jaz em sua alma, que ousa dizer.
A cidade já sem calma à vida retoma, e olhar em sua volta ela se nega, pois há muito que fazer e não há tempo a perder, temos que correr porque aqui o bicho pega.
O picho foi visto, lido e esquecido... Virou lixo.
De Tera a 21 de Novembro de 2009 às 22:46
O texto foi lido, gravou fundo um instantâneo de Vida e deu-me um momento de reflexão... Tantos pichos por aí, devorados por bichos que sequer sabem que o são!...
Abraço.
De Kel a 4 de Dezembro de 2009 às 02:01
Me agrada as belas e inusitadas e criativas imagens que nos deslumbram em muitos muros (urbanos)...
que nos remetem a outras realidades...
De
AB Poeta a 5 de Dezembro de 2009 às 12:58
Também gosto... Mas o que me chama a atenção nos pichos (não me refiro aos grafites) são as formas complexas e desuniformes. É que imagino o seguinte: um grupo de garotos ficam horas rabiscando em papéis para desenvolverem aquelas letras e formas, depois saem na calada para cravalas em muros, paredes... Esse ato de querer se expressar é que me chama a atenção, não vejo isso como a maioria ve, como uma atitude marginal. Muitas vezes os muros pichados são mais feios que os pichos. A cidade é feia por natureza, e o picho é um grito escrito...
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