Eu sou a Verdade
Essa mentira me basta
Ninguém pode me contrariar
Pois o contrario de mim
Acredite, sou eu mesma
Todos podem me afirmar
Onipresente e imponente
Dita por todas as bocas
Escrita por todas as mãos
Quando me sente ausente
É porque aceitou desconte
Eu vinda de outro irmão
Não adianta querer me matar
Renovo-me a cada momento
Viajando nas curvas do vento
Sobreviver-irei, pelo eterno tempo
Construindo a realidade
Transformando o bem em maldade
E a maldade em beldade
Eu sou a Verdade, regente de tudo
Essa mentira me basta
Tragam-me pão e vinho na taça
Pois mais uma vez acabei de ser lida
Em versos sem muitas rimas
Mas sempre afirmada e reafirmada
E para a eternidade proferida
Pelo filósofo, pensador voraz
Pela bruxa que queima na fogueira
Pelo pastor que entoa a prece na praça
Pela noviça que jura castidade
Pelo plebeu escorraçado pelo patrão
Pelo burguês que cortou a cabeça do rei
Pelo cientista que diz e desdiz
Pelo ateu em estado pleno
Pelo poeta que sofre solitário
Pelo candidato que tem o futuro
Pelos casais que me juram
Eu sou a dona de tudo
Porque sou a Verdade
E essa mentira me basta!