Na caixa de cartas, presa ao portão
Repousará esperança e emoção
Papel, caneta e saudade
Que a distância, por ocasião
Fez escrever amizade
Carrego a chave da portinhola
Como à de um cofre forte
Contido de ricas lembranças
De alguém que tentando a sorte
Saiu pelo mundo às andanças
O que estará nela escrito?
Todo o trajeto, e o acontecido?
De tanto esperar fico aflito
Imaginativo e aborrecido
Sem ainda saber o que nela foi dito
Rôo as unhas, sentado à espera
Sei que o tempo não acelera
Mas fazer o que? Se a ânsia
Não quer saber, ignora a distância
Apesar de toda minha paciência
E ansiedade, de nada adiantou
Pois nessa cidade, a diligência
Que vem do correio, que indecência
No meu portão passou e não parou
Não tem problema, deixa...
Apesar da minha queixa
Espero tranqüilo e de bem
Pois tenho certeza: logo ela vem!
Quem sabe, no próximo trem.