Dizem que escrevo errado
Que não sigo regra de oração
Acham melhor que eu fique calado?
Do que ser poeta de coração!
Dizem: o poeta de verdade
Tem que escrever certo
Não por amor ou vaidade
Mas por que assim é o correto
Coitado desse tal "poeta de verdade”
Que ao invés de preferir a liberdade
Quebrando as regras de oração
Entre certo e errado, fez a pior opção:
Fez da palavra uma prisão
O vernáculo é sem dono
Se existe algum patrono
Digo que esse é um déspota
Quer-nos quietos, na casota
Nos contando essa lorota
De que a letra está morta
Meus errados versos criam asas
Com eles tenho plena voz ativa
Quero ser um poeta sem mordaças
Assim como o grande Patativa
Esse poema foi publicado na revista A Cigarra, clique e veja.