Perdido num vale escuro
Onde o que se olha é miragem
“O que será que há após o muro?”
Pois dali só via sombra, não imagem
Desencorajado e acorrentado
Levantar e ir além já não podia
Mas os anjos, vendo o pobre coitado
Aos ouvidos lhe sopravam: “Desespera a alegria”
Contaminado de euforia
Saiu em busca do saber
No caminho, conheceu Filosofia
E ao invés de olhar, aprendeu a ver
Viu que seu trabalho era alienado
Sua farra, Dionisíaca
O tempo: inventado
Mas algo estava errado!
E o amor que ele sentia?
Desconsolado, sentou-se e escreveu:
“Anjo, o que faço com o amor meu?”
Sem demora, em resposta recebeu:
“Emprega-o todo, em algo teu!”
Encorajado, ao anjo obedeceu
Passou a escrever noite e dia
Para atingir a maestria
Bebeu, fartou-se, em fontes a reveria
Agora sabia o que queria!
Seguiu errante pela escrita
Devorou tudo que lhe apareceu
E em seu árduo caminho logo conheceu
A doce e amante Poesia
Que em seus braços o acolheu...
Hoje ele escreve aos montes
Tudo lhe inspira: mares
Lugares, olhares, Mulheres
Quer ir além dos horizontes.
Toda essa história aconteceu
Graças ao incentivo dado
Por um anjo dourado
E grato lhe digo: obrigado!
Cavalheiro que sou
Agradeço também a outro anjo
Que aqui pousou
E rápido me encantou
Sem ser exagerado
Sei que de vocês a beleza emana
Muito obrigado, meus anjos alados
De cachos dourados
Taísa e Tatiana.