Fé demais não cheira bem:
a plebe de joelhos
entre pedidos e apelos
só alivia a culpa do rei
ou se vive melhor agora
cobrando os “homens-da-lei”
ou se chora a agonia:
espírito cheio, barriga vazia
Lá vem o caminhão
acotovelam-se na caçamba
entre a fome e a infecção
a mãe, o filho, o rato, o cão
Quem não pegar essa rabeira
de lixo, dança
de estomago vazio
Melhor é ter uma indigestão
Indigesto mesmo é o capitão
que foi a Roma
aprender com Augustus Nero
como atear fogo numa nação
O país está um ânus
o bolsonaro a bosta pura
você rebola na privada
mas o dejeto não desgruda
O tempo passa e só piora
só fede mais, passou da hora
dessa merda bater na água
pois a água já bateu na bunda
A vida segue de trem
de estação em estação
embarco na Paraíso
desço na Consolação
Entre santos e santas
as homenagens são tantas
que até Judas tem sua vaidade
Se me perco na cidade
vou à Luz, que me conduz
para a Liberdade