Bom quando acordo e te celebro
num bocejo longo
Um livro com página marcada
acima da pilha de músicas
espera
estante
Ruídos rompem a impressão:
talvez uma máquina que passa lá no longe
uma voz intrusa que voa além muro
um ou outro animal qualquer que se manifesta
mas é ao silêncio
denso e caloroso silêncio
a quem entrego toda a minha atenção
Atenção que rápido se dissolve
nos olhos fechados
e morre sobre a cama
num cochilar do corpo ermo
Sucessões de imagens se revezam
correndo pelos sentidos fatigados
de mundo
Nada à minha volta dizendo
as horas
ou qualquer outra obrigação
de balcão
clerical
A solidão preenche toda a existência
fazendo dos deuses meros humanos
um bando de inúteis