“Tenho 16 anos e não sei como agir... Acostumei com os meninos do quarteirão que caçoavam de mim... Gostaria de ter namorados... Mas nenhum rapaz sairá comigo porque nasci sem nariz... Minha mãe chora quando olha para mim... Meu pai diz que talvez esteja sendo punida pelos pecados dele... Devo me suicidar?” (Trecho do livro Miss Lonelyhearts, de Nathanael West)
Apesar da carta acima fazer parte de um romance, uma ficção, ela poderia ter sido escrita por qualquer adolescente que tenha alguma deficiência física, uma estigma.
Erving Goffman (1922-82) faz um ensaio sobre todos os aspectos sociais que a estigma pode atingir; da forma como a sociedade influencia no comportamento do estigmatizado, levando-o a perda da identidade pessoal e ao comportamento destrutivo e anti-social.
O termo “estigma” foi criado na Grécia antiga para identificar, de maneira visual, com marcas feitas com fogo ou cortes no corpo, os escravos, criminosos ou traidores. Na Era Cristã foram acrescentados mais dois níveis de metáforas: sinais corporais de graça divina e sinais corporais de distúrbio físico. Hoje o termo está mais próximo ao sentido original, só que mais ligado à desgraça do que a evidências corporais.
Com a sociedade estabelecendo formas de categorizar as pessoas, criando modelos a serem seguidos, o individuo estigmatizado é deixado, cada vez mais, a margem social; bêbados, malandros, prostitutas, artistas, homossexuais, egressos, deficientes, mendigos, menores... O livro abre uma discussão muito importante: quem verdadeiramente é o marginal? O estigmatizado, que sofre o preconceito da sociedade, ou será ela mesma?
GOFFMAN, Erving. Estigma. Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC Editora. 4º Edição. Rio de Janeiro.
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