Quebrei a casca antiga e mofada que me continha
Levantei como nunca, estiquei o corpo
Abri os olhos, livres, e dei de cara com ela
De pé, em minha frente, sorrindo podre
Encarei-a e saquei a arma, enfiei em sua boca
E disse: ri agora, com minha revolta entre os lábios
Filha da puta, ela riu... mas foi pela última vez
Disparei, a bala cravou na parede junto com o passado
Ela caiu sem cor e fria, como sempre foi
Abaixei a arma... senti uma mão em meu ombro
Um toque quente e amigo
Era outra vida me sorrindo
Soprando em meu ouvido: obrigado, por nós
Nos abraçamos e jurei amor a ela
Olhei em seus olhos de esperança
Disse: espero não ter que matá-la um dia
Seguimos em frente
Porque a vida só caminha pra frente...