Enquanto ela afia a faca de cabo branco
no esmeril perverso da indiferença
um coração pulsa sobre a pia
“plic, plac” o salto-alto indica sua aproximação
o coração oferenda acelera no altar
olha vidrada o alvo vermelho vivo
acaricia beija deseja fatia o músculo
Cheira o pedaço cuidadosamente retirado
lambe carne bebe vinho morde
Delicia-se: o prazer é o primeiro entre os sentidos
Cospe a matéria e fica só com o gosto da boca
lambe os dedos de olhos fechados acaricia-se
Ainda vivo pendura a sobra do coração na vitrine
para que a próxima faca exercite sua lâmina