Quarta-feira, 8 de Junho de 2022
Desgarrei-me da boiada
não há como suportar
o caminho que ela segue
já se sabe onde vai dar
Uns morrerão pela fome
outros pelo fio do cutelo
crendo no conto do vigário
do fantasma de foice e martelo
Os que continuam atrás do boiadeiro
ao ruído do desafinado berrante
serão marcados, insígnia da ignorância
E no fim esse golpista carniceiro
ser boçal de mente delirante
acabará sozinho, no lixo, na irrelevância
O ânus tatuado é o da Anitta
o buraco sem fundo é do sertanejo
o primeiro foi pintado com tinta
o segundo é um ralo de dinheiro
O primeiro é da esfera privada
o segundo abunda na pública
o primeiro serviu de propaganda
o segundo serviu de futrica
A fanqueira mostrou ao Brasil
o que o sertanejo escondeu
E o que todo mundo aprendeu?
Quem tem cu que cuide do seu!
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Uma mero ânus tatuado
para descer até o chão
Uma lei que ninguém conhece a fundo
para incendiar a discussão
Um cowboy alienado que caiu do cavalo
e melou o “esquemão”
Agora todos sabem que o caipira
mama nas tetas do erário
na verba de saúde e educação
Falta agora a Justiça fazer força
mandar esfíncter a fora essa sujeira
laçar a quadrilha, botar na fogueira
antes da próxima farra de São João
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A facada mentirosa
foi tudo pura encenação
Perfurou os órgãos públicos
esfaqueou foi a nação
Hoje grande parte passa fome
mas tem a faca e o queijo nas mãos
Amanhã derrubará o vagabundo
pelo voto na eleição
O capitão tem a cela a sua espera
vai com a “familícia” no camburão
será esquecido por seus asseclas
na lata de lixo, seu único quinhão
Aquela lua imensa
acesa, linda luminária
parece um crânio, alvo
caveira solitária
Espelho astrológico
que reflete uma mortalha
lá do alto controla o tempo
ciclo que nunca falha
Dia e noite passam lentos
em seu cerne uma batalha
um dia estarei lá dentro
empunhando minha espada
Em seu eterno movimento
e seu brilho que se espalha
serei o mito refletido
perpetuando a humana saga
João, o fanfarrão, só mente
duas renúncias, poucos amigos
um personagem antigo
pinóquio que não vira gente
Obrigado pela vacina
pelo menos nisso foi decente
de resto foi só ladainha
pose, nunca pegou no batente
Abreviou sua carreira política
com certeza continuará influente
a negociata você bem pratica
a isso sua privada é eficiente
Sexta-feira, 20 de Maio de 2022
Sonhei um dia em ser rei
Por sonhar que ganhava a guerra
acordei, guerreei e venci!
Escrevi meu nome numa era
Não importa quem matei
nem quantas vezes nessa terra
fiz guerras quem nem lutei
pois eu sonho e outro esmera
dá o sangue, luta feito fera
pelo simples sonho que sonhei
Mas um dia não mais acordarei
e esse povo que nunca desperta
dará o sangue, fará a guerra
e morrerá pelo sonho de outro rei
tempestade em copo d’água
tormenta em corpo mágoa
cada recipiente tem sua borda
em algum momento esgota
cada um sabe a gota
que lhe transborda
A pandemia trará consciência
às pessoas, uma novas atitude
disseram os otimistas
apesar da humana insipiência
O pensamento positivo ilude:
nem acabou a pestilência
e o “novo normal”, pura fantasia
voltou a ser a velha mania
Muita coisa retrocedeu, é vero
voltamos para a estaca zero!
De certo nessa confusão
é que a maioria lavou as mãos
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Minha fé é do tamanho
da pepita que desenterra
e quanto mais dessa terra jorre
mais ao céu se sobe a torre
Chamem arquitetos, escultores
para edificar do barro o barroco
teremos muitos santos do pau oco
pecados a expiar dos pecadores
Traga a mão obra que for preciso
arrastem as correntes por mar a fora
ao luso rei o quinto indenizo
aos escravizados a palmatória
Sexta-feira, 6 de Maio de 2022
A vida dos mortos
conduz a dos vivos
entre sangue e ossos
no dobrar dos sinos
A história presente
perpetua o passado
pedra e corrente
por todos os lados
Do ouro derramado
sobrou a mínima parte
Entre a beleza e a arte
o sofrimento dos escravizados
São tantos(as)
andores, altares, oratórios
brancos, pretos, mulatos
basílicas, igrejas, capelas
indígenas, cristãos, mercenários
congregações, ordens, passos
bandeirantes, escravizados
nobres, contrabandistas, conjurados
penitências , orações…
Sã tantos
pecadores e pecados
que só um batalhão divino
para expurga-los
Segunda-feira, 25 de Abril de 2022
Das coisas que nos ateiam
fogo:
o som do sexo
os sons do corpo
o som do gozo
Como música ao instinto
difícil ouvir e não
querer entrar
no ritmo
Sexta-feira, 22 de Abril de 2022
Aos pés do mirante
algo que ninguém quer ver
Fechar os olhos não vale
para a visível realidade
Do alto a cidade é outra
o luxo ignora o lixo
e a foto feita filtra
o feio, por mero capricho
A São Paulo idealizada da rede
está longe de ser a concreta
Infecta e suja, nada discreta
não dá para negar a verdade
A "boca de lobo" a peso de ouro
o velho herói de bronze da praça
a placa do defunto, um tesouro
tudo pode virar fumaça
Fumaça que já foi da indústria
da locomotiva que puxa o país
mas hoje sua força motriz
é sugada por muitos picaretas
corruptos, tantos homens vis
E como novo símbolo pavlista
temos a ágora do vício
São Paulo queima no cachimbo
e seus ares que exalavam benesses
agora cheiram a lixo, fuligem e fezes
Sexta-feira, 15 de Abril de 2022
A tropa toda em forma
em punho, o fuzil
"aprontar, preparar...
fogo amigo!"
gira o espeto no brasio
Enquanto o povo sucumbe de desnutrição
a armada força se empanturra
Já não basta pagarmos pela farra
agora bancamos também a ereção
A vergonha não veste camuflado
e o povo não demonstra indignação
os militares já mostraram seu lado
falta ao povo entender que é Nação
Para elevar o moral da tropa
diminuir a solidão do mar
elevar a cadência aos céus
um “azulzinho” para excitar
E depois da churrascada
prótese a quem estiver sem fuzil
é hora do fogo amigo
broxa aqui é para pintar meio-fio
Um “viva” às Forças Mamadas
patriotas assim nunca se viu
embuste que esconde a mamata
farra armada, Brasil!
Vejo aptidão e coragem
para cumprir a missão
mas são apenas sombras
que não refletem retidão
Frente ao fogo da churrasqueira
se lambuza o pelotão
picanha, salmão, cerveja
suja a farda de carvão
A fome só cresce no país
parte do povo está sem abrigo
com uma força armada dessa
quem precisa de inimigo?
erro sobre a Terra
e nela
tudo se encerra, muda
pé ante pé
a vida não espera
agregue ou exclua
sob a lua
tudo o que não for
é rua
Quarta-feira, 6 de Abril de 2022
Conheço essa cidade
como a palma da minha marmita
Ouvi dizer que tem palácio
o ponto sei onde fica
Só não sei da sanidade
a fina flor que aqui se pica
Ser, eu tento. Quem sabe
esta cidade me coisifica
*Uma brincadeira com o poema Curitibas, de Paulo Leminski.