André Braga

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Domingo, 24 de Outubro de 2010

Amor Estranho Amor

 

(fragmentos de divagações sobre o Amor)

 

O amor é um cão dos diabos, segundo Bukowski. Diria que o amor é um cão Do Diabo: um sorriso amigo, um abano de rabo, um latido que soa “seja bem vindo”, tudo isso ao portão depois de um dia dos diabos. Quem não acreditaria que isso é amor? O amor é isso: algo irracional: só um cãozinho é capaz de amar verdadeiramente. Apanha, é xingado, gritam com ele, colocam-lhe coleira e apesar de tudo ele ainda ama o seu dono. Quando procuramos alguém, procuramos um cão, ou pelo menos o olhar vidrado que o animal tem, sem preconceitos e sem receios. Olha com a língua de fora, baba e pula no colo... procuramos no outro o que ainda há de animal no humano. Mas quando você menos espera, o amor cão te morde, corre e vai mexer em outro lixo, te passa raiva e não há injeção que cure essa doença. O amor é um cão Do Diabo: indomesticável, imprevisível e que abana o rabo enquanto lhe interessa.

 

Dizem que o amor é cego, uns acham que sim, outros que não, mas acho que ele é os dois: quando se ama, nosso olhar se mistura aos desejos, às reações provocadas pelos toques na pele e as projeções de futuro parecem que se concretizam e abre-se um caminho novo que leva a algo sonhado; os olhos da cara se fecham e viram um olhar único, uma espécie de terceira visão com sexto sentido que lhe sopra ao ouvido: isso é amor... ame. E você ama porque não há nada a fazer a não ser amar. Aprendemos que o amor é uma jóia rara que poucos a têm e que temos que procurá-la durante a vida até o dia de encontrá-la e fincarmos nossa bandeira: conquistei! (é mais fácil subir o Everest do que amar). A visão única do amor cega e não enxergamos a sola quando ela se aproxima e nos rodeia de sombra. Só percebemos quando pisados: escutamos um estralo, a espinha dorsal se quebra, vemos nosso interior amarelo-pus exposto, mexemos as antenas a procura de sinais-resposta; vem a pá e nos joga no cesto, fecha-se a tampa, a barata morre, o amor gangrena e se vai com o tempo.

 

O amor é egoísta, e a conjugação do verbo nos diz isso desde o primário: Eu venho antes de Tu, que vem antes de Ele (a primeira pessoa é sempre singular); a segunda é Nós, que vem antes de Vós, ou seja: nos dois vem antes de você. Eles então... coitados, os últimos a conjugarem qualquer dos verbos.

 

Plantar: essa é a grande metáfora do amor: plantar hoje para colher o amanhã. Plantamos a rosa e ela nasce, vem com espinhos que tocamos com cuidado; até que ela murcha e morre. O amor morre, nos avisam isso por essa metáfora. Plantamos grãos num campo vasto e vazio que verdeja até colorir tudo, a colheita é feita e se não nos dá lucro, trocamos de semente: o amor é um agro-negócio!

 

O amor é uma utopia. Crer na utopia é o grande erro necessário de tudo. A utopia é necessária para seguir em frente, mas ela nunca poderá ser alcançada. No dia em que for, morre tudo: sonho, vontade, amanhã, utopia, amor (uma bela alegoria: monte num burrinho e pendure uma cenoura por uma linha em uma varinha, coloque à sua frente e o sentido da vida está pronto!: nasce mais uma utopia, mais uma amanhã, mais um amor).

 

O amor é um Ninho em um estranho, achamos esse estranho que deixa de ser estranho e vira Ninho... acaba o amor... viramos um estranho no ninho. O amor é um estranho que não conhecemos e projetamos esse amor nesse outro: somos um retro-projetor de imagens bonitas procurando um pano branco para torná-las visíveis e darmos movimentos a elas, até que a luz acaba e esvazia o pano novamente, fecham-se as portas e sobram somente as pipocas no chão: o coração metafórico é uma sala de cinema vazia que espera o amor projetar cenas na tela. Nada representa mais o amor do que o cinema.

 

O amor é um gostar ou um não-gostar: não interessa quem é, se você gostar vai amar e ponto. E quando esse amor acabar, vai passar a não-gostar e ponto também. Não existe prós ou contras que se coloque numa balança e evite o final do amor, ele finda e fim. Qualquer tentativa de prolongamento será como maquiar um cadáver: ele ficará lindo, porém frio... morto.

 

O amor é uma invenção pior do que a bomba atômica: existem japoneses que amam os americanos, e existem japoneses que não amam o Japão: vai entender. Entender para quê? E entender o quê? Amor é amor e dane-se, não é utopia e nem mais nada. O amor é algo hoje: só existe o Hoje, o resto é tempo que não vem e que já passou... O instante agora é onde o amor cria vida, e a vida nos cria, nos empurra, entre Amor Estranho Amor, até que a morte nos separe.

 

No fundo no fundo o amor é o grande “dane-se” da vida: nessa vida em que a gente só se dana, ame! E depois diga ao resto: dane-se!

 

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Publicado por AB Poeta às 19:47
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